sábado, maio 27, 2006

ÁGUIA



VOAR É PRECISO

Aldo Colombo

No ponto mais alto de uma rocha, a águia construiu seu ninho.

Lá embaixo ficava a planície, no alto as nuvens e as estrelas.
Foram longos dias de paciência e um dia, três pequenas águias romperam
a casca do ovo e ficaram fascinadas pela luz.
Os dias iam passando e os pais traziam, com pontualidade, o alimento.
E, à noite, as penas aveludadas da mãe garantiam o calor e a tranqüilidade,
evitando o vento frio e a neve. Para os filhotes, esta vida poderia durar sempre. E, de alguma maneira, assim pensavam seus pais. Mas chegou o dia do empurrão.


A águia empurrou, com ternura e firmeza, seus filhotes para a beirada do ninho.
Seu coração se acelerou, com emoções conflitantes,
ao mesmo tempo que sentiu a resistência dos filhotes, com medo de cair.
Lá embaixo estava o abismo.
Se as asas não funcionarem, os filhotes morrerão,
rolando de pedra em pedra até o sopé da gigantesca rocha.


Apesar do medo, a águia-mãe sabia que aquele era o momento.
Sua missão estava prestes a terminar. Faltava a tarefa final: o empurrão.
Ela se encheu de coragem. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas,
não haverá futuro.
Enquanto eles não aprenderem a voar, não descobrirão o privilégio de nascer águia.
O empurrão era o melhor presente que ela poderia oferecer-lhes.
Era seu supremo gesto de amar. Então, um a um, ela os precipitou para o abismo. E eles voaram.


A águia em seu instinto cego,fez aquilo que os pais devem fazer
em sua racionalidade.
O lar é o ninho da ternura, do amor e da aprendizagem.
Mas chega um dia que a excessiva proteção compromete o futuro dos filhos.
Coitados, são tão inexperientes, pensam alguns pais.
E os filhos ficam dormitando no comodismo, enquanto a vida passa.
Eles nunca vão aprender a voar.
A racionalidade deve vencer o medo e os filhos precisam encontrar seu próprio espaço, tomar em suas mãos o destino.


Amar não é querer bem, mas querer o bem dos filhos.
Amar não é sempre dizer sim, mas ter, igualmente, a coragem do não,
que também é prova de amor.
Os pais devem indicar aos filhos o caminho, mas não podem caminhar por eles.

Educar é fortalecer as asas, mas não podem voar por eles.
Misturar, de maneira inteligente, o amor e a firmeza,
sintetiza a arte de educar.
Por vezes o coração, sobretudo materno, raciocina mal.


Como a águia, os pais devem empurrar seus filhos.
Águias adultas não podem ficar dormitando no ninho a vida inteira.
Uma canção do padre Zezinho afirma: “Se já tem asas, seu destino é voar!”.


Somente voando as aves descobrem suas possibilidades.
Elas nasceram para serem águias e não galinhas.
Somente tentando tomamos consciência do enorme poder que temos.
Os limites humanos sempre podem ser superados.
Até mesmo aquilo que parece impossível pode ser feito.
Educar é também empurrar, a seu tempo, os filhos para fora do ninho.
E eles voarão.


Extraído do Correio Riograndense, 05/10/2005.





Queridos amigos, se existe uma ave com a qual nos identificamos , é com a águia, pela sua capacidade de desprendimento, de renovação, de liberdade...


"Aproveite as asas, com que você foi contemplado por Deus , como resultado do seu trabalho ou por acréscimo de Misericórdia Divina"...

Agradecemos a Deus e aos Amigos Espirituais, por haver sido contemplada com pais , que nos estimularam a alçar o mais importante do vôos, o da liberdade sem receio de quedas, porque sabiam que ficariam físicamente pouco tempo ao nosso lado...
Com eles, muito aprendemos, principalmente que todos nós nascemos para sermos águias e águias nascem com todas as potencialidades para voarem seguindo o estímulo visual do sol...
Existe algo mais lindo?
Beijos mil!
Gabi

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