Vontade
Emmanuel
Comparemos a mente humana — espelho vivo da consciência
lúcida — a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço.
Aí possuímos o Departamento do Desejo, em que operam os
propósitos e as aspirações, acalentando o estimulo ao trabalho;
o Departamento
da Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura;
o
Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade;
o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros, ainda,
que definem os investimentos da alma.
Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade.
A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando
todos os setores da ação mental.
A Divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à
razão, depois da laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias
obscuras do instinto.
Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o
leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.
A eletricidade é energia dinâmica.
O magnetismo é energia estática.
O pensamento é força eletromagnética.
Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas
as manifestações da Vida Universal, criando gravitação e afinidade, assimilação
e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito
para as Metas Supremas, traçadas pelo Plano Divino.
A Vontade, contudo, é o impacto determinante.
Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a
inércia da máquina.
O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade
de reflexão que lhe é própria; no entanto, na Vontade temos o controle que a
dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do
destino.
Sem ela, o Desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos
de reparação e sofrimento, a Inteligência pode aprisionar-se na enxovia da
criminalidade, a Imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a
memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação
que a Natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.
Só a Vontade é suficientemente forte para sustentar a
harmonia do espírito.
Em verdade, ela não consegue impedir a reflexão mental,
quando se trate da conexão entre os semelhantes, porque a sintonia constitui
lei inderrogável, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que
administra, de modo a mantê-los coesos na corrente do bem.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento
e Vida, Cap.2, p.05.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”