A serenidade divina invade-me após o
cumprimento dos deveres.
Compreendo a minha responsabilidade no
conjunto da vida em que me encontro e desligo-me dos conflitos.
Lúcido, avanço, passo a passo, na conquista
da consciência e harmonizo-me, integrando-me no conjunto da Obra de Deus.
Sereno e confiante, nada de mal me atinge.
16. Em Serenidade
Joanna de Ângelis
A serenidade é pedra angular das edificações
morais e espirituais da criatura humana, sem a qual muito difíceis se tornam as realizações.
Resulta de uma conduta correta e uma consciência equânime, que proporcionam a visão real dos
acontecimentos bem como facultam a identificação dos objetivos da vida, que merecem os valiosos investimentos
da existência corporal.
Na atormentada busca do prazer, desperdiça-se
o tesouro da cultura, que se converte em serva das paixões inferiores, perturbadoras, de
conseqüências negativas.
Quanto mais se frui do gozo, mais necessidade surge de experimentá-lo,
renovando sensações que se disfarçam de emoções.
A serenidade é o estado de anuência entre o
dever e o direito, que se harmonizam a benefício do indivíduo.
Quando se adquire a consciência asserenada,
enfrenta-se toda e qualquer situação com equilíbrio, nunca se permitindo
desestruturar.
As ocorrências, as pessoas e os fenômenos existenciais são considerados nos seus verdadeiros níveis de
importância, não se tornando motivo de aflição, por piores se apresentem.
A pessoa serena é feliz, porque superou os
apegos e os desapegos, a ilusão e os desejos, mantendo-se em harmonia em qualquer situação.
Equilibrada, não se faz vítima de extremos, elegendo o caminho do meio com decisão firme,
inquebrantável.
A serenidade não é quietação exterior,
indiferença, mas, plenitude da ação, destituída de ansiedade ou de receio, de pressa ou de
insegurança.
Jesus, no fragor de todas as batalhas, na
eloqüente epopéia das bem-aventuranças ou sendo crucificado, manteve a serenidade, embora de
maneiras diferentes, impertérrito e seguro de si mesmo, com irrestrita confiança em Deus.
Buda, meditando em Varanasi, onde apresentou
as suas Quatro Nobres Verdades ou açodado por terríveis perseguições que lhe
moveram os brâmanes, seus inimigos apaixonados, permaneceu em serenidade, totalmente entregue
à paz.
Jan Huss, pregando a desnecessidade de
intermediários entre Deus e os homens, ou ardendo nas chamas implacáveis da fogueira a que foi
condenado, manteve-se fiel, sereno, sabendo que ninguém o poderia aniquilar.
Os mártires conheceram a serenidade que o
ideal lhes deu, em todas as áreas nas quais pugnaram, e, por isso mesmo, não foram
atingidos pela impiedade, nem pela perseguição dos maus.
A serenidade provém, igualmente, da certeza,
da confiança no que se sabe e se faz e se é.
Âncora de segurança, finca-se no solo e
sustenta a barca da existência, dando-lhe tempo para preparar-se e seguir adiante.
Age sempre conforme a consciência lúcida, a
fim de não caíres em conflito, perdendo a serenidade.
Estuda-te e ama-te, elegendo o melhor, o
duradouro para os teus dias, e nunca recuarás.
No entanto, se errares, se te comprometeres, se
te arrependeres, antes que te perturbe a culpa, recompõe-te, refaze o equívoco, recupera-te e reconquista
a serenidade.
Sem ela, experimentarás sofrimentos que poderias evitar, e te impedem o avanço.
Serenidade é vida.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna
de Ângelis. Momentos de saúde.Cap16 ,1992, p.19.
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