quinta-feira, dezembro 24, 2020

Jesus Vem a Terra no Natal - Gerson Simões Monteiro



Jesus Vem a Terra no Natal


Gerson Simões Monteiro 


“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei”. 

Esse convite de Jesus há mais de dois mil anos mantém a nossa esperança nos momentos difíceis que passamos neste mundo. 

Quantas vezes buscamos a presença amorosa do Cristo na hora da dor, e Dele sempre recebemos forças para carregar a cruz com ânimo e coragem.


*

Independente desse convite, segundo Chico Xavier, Jesus vem a Terra, entre 23 horas do dia 24 e uma hora do dia 25 de dezembro, quando comemoramos o natalício Dele. 


Segundo Chico, muitos espíritos se preparam durante dez anos para acompanhar o Mestre nessa peregrinação, recolhendo criaturas anônimas na desencarnação, como a registrada pelo poeta Cornélio Pires, publicada no livro Antologia mediúnica do Natal.


Eis a poesia recebida por Chico Xavier, intitulada Natal de Maria:

“Noite... Natal!... Na hora derradeira, 

Sozinha num brejão, com sede e fome, 

Morre jogada à febre que a consome.

A velhinha Maria Cozinheira... 

Lembra o Natal dos tempos de solteira,

Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,

Mas, de repente, vê que tudo some,

Está livre do corpo e da canseira!..

 Ouve cantos no céu que se descerra:

— "Glória a Deus nas alturas!... Paz na Terra...

 Maria, sem querer, sobe espantada...

Nisso, irrompe do Azul divina estrela...

Alguém surge!... É Jesus a recebê-la

 No sublime clarão da madrugada”.


*


Outra de Cornélio Pires, Despedida de Vital:


“Lua cheia... Na choça a que se apega,

 Morre Vital, velhinho, olhando o morro... 

 Por prece, escuta a arenga do cachorro, 

Ganindo nas touceiras da macega. 

Pobre amigo!... 

Agoniza sem socorro, 

Chora lembrando o milho na moega... 

Oitenta anos de lágrimas carrega

Na carcaça jogada ao chão sem forro. 


Suando, enxerga um moço na soleira. 

“ Eu sou leproso...”— avisa em voz rasteira, 

Mas diz o moço, envolto em luz dourada: 

“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”


“ E o velho sai das chagas de mendigo

 Para um carro de estrelas da alvorada”.


Numa dessas visitas ao nosso mundo no dia de Natal, Jesus acolheu a alma de Mariazinha, menina que morreu com fome, cansada e doente, estirada numa calçada de uma cidade brasileira. 

*

Ao assistir a esse fato na vida espiritual, a poetisa cearense Francisca Clotilde fez a sua narrativa em versos pela mediunidade de Chico Xavier, sob o título “Conto de Natal”, publicado no livro Antologia Mediúnica do Natal.

Gerson Simões Monteiro 





Conto de Natal


Francisca Clotilde Barbosa Lima


A noite é quase gelada.

Contudo, Mariazinha

É a menina de outras noites

Que treme, tosse e caminha...

Guizos longe, guizos perto...

É Natal de paz e amor.

Há muitas vozes cantando:

– “Louvado seja o Senhor!”

A rua parece nova

Qual jardim que floresceu.

Cada vitrina enfeitada

Repete: “Jesus nasceu!”

Descalça, vestido roto,

Mariazinha lá vai...

Sozinha, sem mãe que a beije,

Menina triste sem pai.

Aqui e ali, pede um pão...

Está faminta e doente.

– “Vadia, saia depressa!”

É o grito de muita gente.

– “Menina ladra!” – outros dizem.

– “Fuja daqui, pata feia!

Toda criança perdida

Deve dormir na cadeia.”

Mariazinha tem fome

E chora, sentindo em torno

O vento que traz o aroma

Do pão aquecido ao forno.

Abatida, fatigada,

Depois de percurso enorme,

Estira-se na calçada...

Tenta o sono, mas não dorme.

Nisso, um moço calmo e belo

Surge e fala, doce e brando:

– Mariazinha, você está dormindo

ou pensando?

A pequenina responde,

Erguendo os bracinhos nus:

– Hoje é noite de Natal,

Estou pensando em Jesus.

– Não lhe lembra mais alguém?

Ela, em lágrimas, disse:

– Eu penso também, com saudade,

Em minha mãe que morreu...

– Se Jesus aparecesse,

Que é que você queria?

– Queria que ele me desse

Um bolo da padaria...

Depois de comer, então –

e a pobre sorriu contente –

Queria um par de sapatos

E uma blusa grande e quente.

Depois... queria uma casa,

Assim como todos têm...

Depois de tudo... eu queria

Uma boneca também...

– Pois saiba, Mariazinha,

Eu lhe digo que assim seja!

Você hoje terá tudo

Aquilo que mais deseja.

– Mas, o senhor quem é mesmo!

E ele afirma, olhos em luz:

– Sou seu amigo de sempre,

Minha filha, eu sou Jesus!...

Mariazinha, encantada,

Tonta de imensa alegria,

Pôs a cabeça cansada

Nos braços que ele estendia...

E dormiu, vendo-se outra,

Em santo deslumbramento,

Aconchegada a Jesus,

Na glória do firmamento.

No outro dia, muito cedo,

Quando o lojista abriu a porta,

Um corpo caiu, de leve...

A menina estava morta.


Obs: Segundo informações do médium Francisco Cândido Xavier este fato verídico, ocorreu na cidade de Fortaleza/CE.


XAVIER, Francisco Cândido ; VIEIRA, Waldo . Antologia Mediúnica do Natal . Espíritos Diversos.


FONTE

 MONTEIRO, Gerson Simões.Disponível em <https://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/gerson-monteiro/jesus-vem-terra-no-natal-3287675.html>. Acesso : 04 DEZ 2020.

  

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