DESPEDIDA DE VITAL
Cornélio Pires
Lua cheia... Na choça a que se apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro...
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.
Pobre amigo!... Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega...
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.
Suando, enxerga um moço na soleira,
- “Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira,
mas diz o moço, envolto em luz dourada:
- “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”.
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.
XAVIER, Francisco Cândido. Antologia Mediúnica do Natal.
Ah... Como gosto desse soneto. Tanto que adaptei a uma canção do meu irmão, que estava ainda procurando uma letra... E o resultado, modéstia à parte, foi maravilhoso. Vejam, no Youtube... A lua da cidade (Despedida de Vital) - OS NATURAIS
ResponderExcluirBoa tarde! É uma imensa satisfação tê-lo como leitor do meu blog e em especial a sua admiração pela produção literária do Espírito Cornélio Pires, através da psicografia do saudoso Francisco Cândido Xavier. Tenha a certeza de que acessarei o Youtube. Saudações fraternais!
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