Minutos de Paz !

quarta-feira, dezembro 23, 2020

DESPEDIDA DE VITAL- Cornélio Pires



DESPEDIDA DE VITAL

Cornélio Pires


Lua cheia... Na choça a que se apega,

Morre Vital, velhinho, olhando o morro...

Por prece, escuta a arenga do cachorro,

Ganindo nas touceiras da macega.


Pobre amigo!... Agoniza sem socorro,

Chora lembrando o milho na moega...

Oitenta anos de lágrimas carrega

Na carcaça jogada ao chão sem forro.


Suando, enxerga um moço na soleira,

- “Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira,

mas diz o moço, envolto em luz dourada:


- “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”.

E o velho sai das chagas de mendigo

Para um carro de estrelas da alvorada.


XAVIER, Francisco Cândido. Antologia Mediúnica do Natal.

 


2 comentários:

  1. Ah... Como gosto desse soneto. Tanto que adaptei a uma canção do meu irmão, que estava ainda procurando uma letra... E o resultado, modéstia à parte, foi maravilhoso. Vejam, no Youtube... A lua da cidade (Despedida de Vital) - OS NATURAIS

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    1. Boa tarde! É uma imensa satisfação tê-lo como leitor do meu blog e em especial a sua admiração pela produção literária do Espírito Cornélio Pires, através da psicografia do saudoso Francisco Cândido Xavier. Tenha a certeza de que acessarei o Youtube. Saudações fraternais!

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