Poema da Gratidão
Amélia Rodrigues
Senhor, muito obrigado...
Pelo ar que nos dás, pelo pão que nos deste,
pela roupa que nos veste, pela alegria que possuímos, por tudo de que nos
nutrimos...
Muito obrigado pela beleza da paisagem, pelas
aves que voam no céu de anil, pelas Tuas dádivas mil..
Muito obrigado, Senhor, pelos olhos que
temos...
Olhos que vêem o céu, que vêem a terra e o mar,
que contemplam toda beleza...
Olhos que se iluminam de amor ante o majestoso
festival de cor da generosa Natureza!
E os que perderam a visão?
Deixa-me rogar por eles ao Teu nobre coração!
Eu sei que depois desta vida, além da morte,
voltarão a ver com alegria incontida...
Muito obrigado pelos ouvidos meus, pelos
ouvidos que me foram dados por Deus.
Obrigado, Senhor, porque posso escutar o Teu
nome sublime e, assim, posso amar...
Obrigado pelos ouvidos que registram a sinfonia
da vida no trabalho, na dor, na lida...
O gemido e o canto do vento nos galhos do
olmeiro, as lágrimas doridas do mundo inteiro e a voz longínqua do
cancioneiro...
E os que perderam a faculdade de escutar?
Deixa-me por eles rogar.
Sei que em Teu Reino voltarão a sonhar...
Obrigado, Senhor, pela minha voz, mas também
pela voz que ama, pela voz que ajuda, pela voz que socorre, pela voz que
ensina, pela voz que ilumina e pela voz que fala de amor, obrigado, Senhor!
Recordo-me, sofrendo, daqueles que perderam o
dom de falar e o Teu nome não podem pronunciar.
Os que vivem atormentados na afasia e não podem
cantar nem de noite, nem de dia.
Eu suplico por eles sabendo, porém, que mais
tarde, no Teu reino voltarão a falar...
Obrigado, Senhor, por estas mãos que são minhas
alavancas da ação, do progresso, da redenção...
Agradeço pelas mãos que acenam adeuses, pelas
mãos que fazem ternura, e que socorrem na amargura.
Pelas mãos que acarinham, pelas mãos que
elaboram as leis pelas mãos que cicatrizam feridas retificando as carnes
sofridas balsamizando as dores de muitas vidas!
Pelas mãos que trabalham o solo, que amparam o
sofrimento e estancam lágrimas, pelas mãos que ajudam os que sofrem, os que
padecem...
Pelas mãos que trabalham nestes traços, como
estrelas sublimes fulgindo em meus braços!
E pelos pés que me levam a marchar, ereto,
firme a caminhar.
Pés de renúncia que seguem humildes e nobres
sem reclamar...
E os que estão amputados, os aleijados, os
feridos, os deformados, eu rogo por eles e posso afirmar que no Teu Reino, após
a lida dolorosa da vida, hão de poder bailar e em transportes sublimes outros
braços afagar...
Sei que a Ti tudo é possível mesmo que ao mundo
pareça impossível...
Obrigado, Senhor, pelo meu lar, o recanto de
paz ou escola de amor, a mansão da glória...
Obrigado, Senhor, pelo amor que eu tenho e pelo
lar que é meu...
Mas, se eu sequer nem um lar tiver ou teto
amigo para me aconchegar nem outro abrigo para me confortar...
Se eu não possuir nada, senão as estradas e as
estrelas do céu, como leito de repouso e o suave lençol, e ao meu lado ninguém
existir, vivendo e chorando sozinho ao léu sem alguém para me consolar...
Direi ainda: Obrigado, Senhor porque Te amo e
sei que me amas, porque me deste a vida jovial, alegre, por Teu amor
favorecida...
Obrigado, Senhor, porque nasci...
Obrigado porque creio em Ti e porque me
socorres com amor, hoje e sempre, obrigado, Senhor!
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Amélia
Rodrigues. Livro Sol de Esperança.
O poema de Gratidão, é antes de tudo, uma prece
de agradecimento a Deus.
É o ser humano, expressando esse sentimento de
forma bela e poética.
Ressalta com muita beleza, os atributos do
espírito imortal, a se refletir no hoje e o quanto podem ser úteis, produzindo
no campo do Bem e do Amor.
Evidencia que as mãos, em ações altruísticas e
no trabalho edificante, são propulsoras do progresso e da evolução.
E, sobretudo, um hino magnífico, que exalta a
reencarnação, abrindo perspectivas de esperança, de novas e sucessivas etapas
através dos tempos, nas quais, os que sofrem, encontrarão a recompensa
merecida.
Essa bela oração gratulatória do espírito Amélia
Rodrigues, foi psicografada por Divaldo P. Franco, em Buenos Aires, Argentina,
em 21 de Novembro de 1962, que passou a apresentá-la ao finalizar as suas
palestras.
No momento de encerramento, quando Divaldo
pronuncia as primeiras frases do poema, unem-se os pensamentos e vibrações do
público presente e, como um majestoso concerto, seus acordes repercutem
harmoniosamente, levando a mensagem de gratidão a Deus pela amplidão afora.
Suely Caldas Schubert