A Lição Dos Chuchus...
Ramiro Gama
Dona Maria
Pena, que era viúva do Raimundo, irmão do Chico [Xavier], julgava que este era
um mão aberta...
Não era
muito crente do dar sem receber.
E certa manhã, em que, sobremodo, sentia a
missão do médium, que muito estimava, disse-lhe:
- Chico, não
acredito muito nas suas teorias de servir, de ajudar, de dar e dar sempre, sem
uma recompensa. Não vejo nada que você recebe em troca do que faz, do que dá,
do que realiza...
- Mas, tudo
quanto fazemos com sinceridade e amor no coração, Deus abençoa.
E, sempre que
distribuímos, que damos com a direita sem a esquerda ver, fazemos uma boa ação
e, mais cedo ou mais tarde, receberemos a resposta do Pai.
Pode crer que quem
faz o bem, além de viver no bem, colhe o bem.
- Então,
vamos experimentar.
Tenho aqui dois chuchus.
Se alguém aqui aparecer, vou lhos
dar e quero ver se, depois, recebo outros dois...
Ainda bem
não acabara de falar, quando a vizinha do lado esquerdo, pelo muro, chama:
- Dona
Maria, pode me dar ou emprestar uns dois chuchus?
- Pois não,
minha amiga, aqui os tem. Faça deles um bom guisado.
Daí a
instante, sem que pudesse refazer-se da surpresa que tivera, a vizinha do lado
direito, também pelo muro, ofereceu quatro chuchus a Dona Maria.
Meia hora
depois, a vizinha dos fundos pede a Dona Maria uns chuchus e esta a presenteia
com os quatro que ganhara.
A vizinha da
frente, quase em seguida, sem que soubesse o que acontecia, oferece à cunhada
do nosso querido médium, oito chuchus.
Por fim, já
sentindo a lição e agindo seriamente, Dona Maria é visitada por uma amiga de
poucos recursos econômicos.
Demora-se um
pouco, o tempo bastante para desabafar sua pobreza.
À saída,
recebe, com outros mantimentos, os oito chuchus.
E Dona Maria
diz para o Chico:
- Agora
quero ver se ganho dezesseis chuchus! Era só o que faltava para completar essa
brincadeira...
Já era
tarde.
Estava na
hora de regressar ao serviço e Chico partiu, tendo antes enviado à prezada irmã
um sorriso amigo e confiante, como a dizer-lhe: “Espera e verá”.
Aí pelas
dezoito horas, regressou o Chico à casa.
Nada havia
sucedido com relação aos chuchus.
Dona Maria
olhava para o Chico com ar de quem queria dizer: “Ganhei ou não?...”
Às vinte
horas, todos na sala, juntamente com o Chico, conversam e nem se lembram mais
do caso dos chuchus, quando alguém bate à porta.
Dona Maria
atende.
Era um
senhor idoso, residente na roça.
Trazia no
seu burrinho uns pequenos presentes para Dona Maria, em retribuição às
refeições que sempre lhe dá, quando vem à cidade.
Colocou à
porta um pequeno saco.
Dona Maria
abre-o nervosa e curiosamente.
Estava
repleto de chuchus...
Contou-os:
sessenta e quatro. Oito vezes mais do que havia ultimamente dado...
Era demais.
A graça, em
forma de lição, excedia à expectativa, era mais do que esperava.
E, daí por
diante, Dona Maria compreendeu que aquele que dá recebe sempre mais.
GAMA, Ramiro. Livro:
Lindos Casos de Chico Xavier.
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