quarta-feira, abril 07, 2021

38-SEMENTES DO CAMINHO - Casimiro Cunha

 

 


38-SEMENTES DO CAMINHO

Casimiro Cunha

 

Tem cuidado, estrada afora,


Sofrendo, sorrindo, amando...


Enquanto a galinha dorme,


A raposa está velando.


Entre as maldades da Terra,


Não te percas, meu amigo ;


Se fores ver algum lobo,


Conduze algum cão contigo.


Vigia sobre ti mesmo


Se queres a própria cura,


Que os erros da Medicina


Não saem da sepultura.


Não te afastes do equilíbrio:


Sobriedade nunca é pouca.


Quando é fácil a receita,


A despesa é sempre louca.


Em teus hábitos no mundo,


Não permaneças dormindo.


A loucura inventa as modas


E a tolice vai seguindo.


Se um dia fores bigorna,


Seja a calma o teu segredo;


Mas quando fores martelo,


Rebate forte e sem medo.


Teme apenas a ti mesmo


Na esfera de teu dever.


Quem se amedronta consigo


Nada mais tem a temer.


Fala pouco e pensa muito.


Não gastes verbo ilusório.


De palavras em palavras,


Caímos no purgatório.


Procura a simplicidade,


Não gastes a própria sorte;


Por enquanto, não chegaste


À grave questão da morte.


Buscas a paz do infinito


E a claridade sem véu?


Trabalha e auxilia o mundo,


Guardando a visão do céu.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap.38, p.66-67.

 

 

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