domingo, junho 06, 2021

20-A ENXADA -Casimiro Cunha

 


20-A ENXADA

Casimiro Cunha

 

No conjunto dos trabalhos, a enxada pobre e esquecida é uma agulha generosa que borda o lençol da vida.


Com desvelos carinhosos, faz o berço às sementeiras, protege os rebentos frágeis, traçando caminho às leiras.


Essa agulha delicada, vibrando de pólo a pólo, aperfeiçoa a paisagem, lançando mais vida ao solo.


Obediente e bondosa, coopera com o lavrador, e onde passa costurando, eis que o chão transborda em flor.


Devem-lhe muito os celeiros na colheita farta, imensa, mas a enxada dadivosa nunca pede recompensa.


Sem prazer está nas lutas, nos trabalhos naturais; Alguém lucra em seus esforços? Mais serviço e terás mais.


Não sabe se há chuvas fortes, se há calor de requeimar, disposta sempre ao possível, tem gosto de trabalhar.


Modesta, criteriosa, atende ao labor que a chama, fiel ao bom lavrador, executa o seu programa.


Instrumento valoroso, que não trai nem esmorece, exemplifica no mundo a humildade que obedece.


Imagina a tua glória, teu triunfo jamais visto, quando fores boa enxada nas divinas mãos do Cristo.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 20, p.19.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

“Deixe aqui um comentário”