21-A EROSÃO
Casimiro Cunha
Quem busca na paz do campo os bens da contemplação, costuma encontrar, por vezes, as surpresas da erosão.
Dos cumes da paisagem, eis que a visão descortina horizontes luminosos na vastidão peregrina!
Em torno rebentam flores nas folhagens perfumosas, entre as árvores e os ninhos sopram brisas buliçosas.
Misturando-se , à verdura, há caminhos de enxurrada, formando abismos escuros na terra dilacerada.
Em derredor, tudo é glória do campo verde e florido; Céu de anil, promessa e luz, mas o solo está ferido.
Somente à custa de esforço, de luta excessiva e estranha, é possível reparar as ulceras da montanha.
É um quadro que faz lembrar as almas de grande altura, que, embora a ciência e o brilho, tem abismos de amargura são montes iluminados de sonho e conhecimento, mas, degradados por vezes, nos planos do pensamento.
Recebem, da luz de Deus, dons sublimes e infinitos, mas se deixam avassalar de enxurradas e detritos.
Quem guarde na intimidade tais feridas de erosão, e que vive sem defesa nos campos do coração.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 21, p.20.
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