79-O MÁRMORE
Casimiro Cunha
No gabinete isolado dos serviços de escultura, há muita coisa que ver com a vida da criatura.
O mármore chega em bloco dos centros da Natureza, em trânsito para o campo do espírito e da beleza.
É pedra, vai ser tesouro; é rude, vai ser divino; todavia, não se sabe quando chega ao seu destino.
Golpe aqui, golpe acolá, o artista começa a luta, é o sonho maravilhoso amando a matéria bruta.
As arestas vão caindo...
É a carícia do martelo, desponta o primeiro traço vigoroso, firme e belo.
O cinzel fere e desbasta, e, às vezes, pede o formão.
O artista prossegue atento dando vida à criação.
Golpes fundos, ferimentos...
Mas, eis quando se aproxima o termo do esforço longo na aquisição da obra prima.
Depois, é a joia formosa, de valor alto e profundo, que as fortunas de milhões não podem fazer no mundo.
Esse mármore da Terra, no fundo, é qualquer pessoa, o artista, é o tempo, e o cinzel, a luta que aperfeiçoa.
Quando os golpes de amargura te cortarem o coração, recorda o cinzel divino que dá forma e perfeição.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 79, p.80.
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