11.
EXPERIÊNCIAS
Valérium
O menino de
olhar manso e roupa rasgada namora o bolo na vitrina do restaurante.
Cavalheiro
bem vestido vai entrando e o pequenino roga-lhe um pedaço.
O homem
afasta-o, irritado, e transpõe a porta, buscando refeição.
Passa jovem
mulher com grande bolsa a bambolear-se e o garoto volta a pedir.
Mas,
inutilmente.
A moça
nega-lhe o pedaço de pão-de-ló, falando em vadios e malfeitores.
Nisso chega andrajoso mendigo e seu olhar cruza com o olhar do menino que nada lhe pede e continua contemplando o petisco.
O velhinho, condoído, procura algum dinheiro no paletó em frangalhos, compra um naco do bolo e, sorrindo, entrega a preciosidade à criança que, surpresa, agradece, comendo avidamente.
*
A justiça da reencarnação possibilita às almas o rodízio indispensável nas condições diversas da vida humana, para que os espíritos experimentem todos os tipos de aprendizado; contudo, entendemos com mais segurança e nos predispomos a auxiliar com mais presteza o próximo, quando já passamos pelas mesmas dificuldades que o atormentam.
Bendigamos, assim, a provação que a Terra porventura nos apresente, porque apenas as duras experiências vividas nos ensinam a ajudar aos nossos irmãos em duras experiências, e somente auxiliando os outros é que seremos auxiliados.
Waldo pelo
Espírito Valérium. Bem aventurados os simples. Rio de Janeiro: FEB,10ª ed.,
1962,cap.11.
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