sexta-feira, julho 10, 2015

Fé - Emmanuel






Emmanuel


Para encontrar o bem e assimilar-lhe a luz, não basta admitír-lhe a existência. 


É indispensável buscá-la com perseverança e fervor.


Ninguém pode duvidar da eletricidade, mas para que a lâmpada nos ilumine o aposento recorremos a fios condutores que lhe transportem a força, desde a aparelhagem da usina distante até o recesso de nossa casa.


A fotografia é hoje fenômeno corriqueiro; contudo, para que a imagem se fixe, na execução do retrato, é preciso que a emulsão gelatinosa sensibilize a placa que a recebe.


A voz humana, através da radiofonia, é transmitida de um continente a outro, com absoluta fidelidade; todavia, não prescinde do remoinho eletrônico que, devidamente disciplinado, lhe transporta as ondulações.


Não podemos, desse modo, plasmar realização alguma sem atitude positiva de confiança.


Entretanto, como exprimir a fé? — indaga-se muitas vezes.


A fé não encontra definição no vocabulário vulgar.


É força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus que é a sabedoria da própria vida. 


Palpita em todos os seres, vibra em todas as coisas. 


Mostra-se no cristal fraturado que se recompõe, humilde, e revela-se na árvore decepada que se refaz, gradativamente, entregando-se às leis de renovação que abarcam a Natureza.


Todas as operações da existência se desenvolvem, de algum modo, sob a energia da fé.


Confia o campo no vigor da primavera e cobre-se de flores.


Fia-se o rio na realidade da fonte, e dela não prescinde para a sua caudal larga e profunda.


A simples refeição é, para o homem, espontâneo ato de fé. 


Alimentando-se, confia ele nas vísceras abdominais que não vê.


Todo o êxito da experiência social resulta da fé que a comunidade empenhe no respeito às determinações de ordem legal que lhe regem a vida.


Utilizando-nos conscientemente de semelhante energia, é-nos possível suprimir longas curvas em nosso caminho de evolução.


Para isso, seja qual for a nossa interpretação religiosa da ideia de Deus, é imprescindível acentuar em nós a confiança no bem para refletir-lhe a grandeza.


Recordemos a lente e o Sol. 


O astro do dia distribui equitativamente os recursos de que dispõe. 


Convergindo-lhe porém, os raios com a lente comum, dele auferimos poder mais amplo.


O Bem Eterno é a mesma luz para todos, mas concentrando-lhe a força em nós, por intermédio de positiva segurança íntima, decerto com mais eficiência lhe retrataremos a glória.


Busquemo-lo, pois, infatigavelmente, sem nos determos no mal.


O tronco podado oferece frutos iguais àqueles que produzia antes do golpe que o mutilou.


A fonte alcança o rio, desfazendo no próprio seio a lama que lhe atiram.


Sustentemos o coração nas águas vivas do bem inexaurível.


Procuremos a boa parte das criaturas, das coisas e dos sucessos que nos cruzem a lide cotidiana. 


Teremos, assim, o espelho de nossa mente voltado para o bem, incorporando-lhe os tesouros eternos, e a felicidade que nasce da fé, generosa e operante, libertar-nos-á dos grilhões de todo o mal, de vez que o bem, constante e puro, terá encontrado em nós seguro refletor.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, Cap.6, p. 10-11.

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