quinta-feira, agosto 12, 2021

87-O PRATO - Casimiro Cunha

 


87-O PRATO


Casimiro Cunha


Dentre as coisas mais singelas do lar carinhoso e grato, é justo reconhecer a doce lição do prato.


Esperando calmamente comensais, em torno à mesa, exemplifica, bondoso, a ternura e a gentileza.


Primoroso companheiro de humilde e de atenção, por servir a quem tem fome aguarda o partir do pão.


Satisfaz a toda gente, sem sombras de vaidade, não olha conveniência, atende à necessidade.


Por vezes, o comensal, a quem o vinho estimula, entrega-se à embriaguez, à licença, ao crime, à gula.


Mas o prato está sereno, por fazer e obedecer, permanece em seu lugar, submisso ao seu dever.


Em geral, servem-se dele, sem qualquer preocupação; pouca gente lhe dedica o amparo da gratidão.


E se o prato, certo dia, conhece o aniquilamento, não é por ele, é por nós, no campo do esquecimento.


Neste símbolo singelo de obediência e bondade, sentimos a lei que rege o espírito da amizade.


Conserva teu amigo, guarda a luz que recebeste.


Não desrespeites na vida o prato onde comeste.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 87, p.88.

 

 

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