87-O PRATO
Casimiro Cunha
Dentre as coisas mais singelas do lar carinhoso e grato, é justo reconhecer a doce lição do prato.
Esperando calmamente comensais, em torno à mesa, exemplifica, bondoso, a ternura e a gentileza.
Primoroso companheiro de humilde e de atenção, por servir a quem tem fome aguarda o partir do pão.
Satisfaz a toda gente, sem sombras de vaidade, não olha conveniência, atende à necessidade.
Por vezes, o comensal, a quem o vinho estimula, entrega-se à embriaguez, à licença, ao crime, à gula.
Mas o prato está sereno, por fazer e obedecer, permanece em seu lugar, submisso ao seu dever.
Em geral, servem-se dele, sem qualquer preocupação; pouca gente lhe dedica o amparo da gratidão.
E se o prato, certo dia, conhece o aniquilamento, não é por ele, é por nós, no campo do esquecimento.
Neste símbolo singelo de obediência e bondade, sentimos a lei que rege o espírito da amizade.
Conserva teu amigo, guarda a luz que recebeste.
Não desrespeites na vida o prato onde comeste.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 87, p.88.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”