90-O RIBEIRO
Casimiro Cunha
Entre os bens da Natureza, tem o homem, cada dia, no ribeiro claro e manso lições de sabedoria.
Ei-lo que passa sereno, em doce fidelidade, dá vida aos paióis do campo, conforta e limpa a cidade.
Busca as terras desprezadas que nunca tiveram dono, atende as raízes tristes, deixadas ao abandono.
Converte toda tarefa num dom gratuito e suave, mata a sede da serpente, como o faz à flor e à ave.
Cumprindo o labor de sempre, nunca cessa de correr, ensina a perseverança, exemplifica o dever.
Se a chuva lhe traz a enchente, vai além da obrigação, busca a terra deserdada e lhe ensina a dar mais pão.
É tão sereno e bondoso, tão amigo e tão perfeito, que não se nega a ajudar a mão que lhe muda o leito.
O ribeiro carinhoso não cessa de trabalhar, parece o semeador que saiu a semear.
E vendo que Deus é o dono das sementes multifárias, nunca volta no caminho as contas desnecessárias.
Ao homem do mundo inquieto, o ribeiro calmo ensina como agir e confiar na Providência Divina.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 90, p.91.
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