Em meditação
Eros
Os olhos transparentes e doces do missionário tornaram-se
fulgurantes, enquanto ele falava.
A musicalidade do ar fizera-se a moldura do seu verbo.
Os ouvintes comovidos bebiam as palavras com sofreguidão,
qual terra sáfara absorvendo a umidade que a abençoava.
- Dharana é a busca da razão -disse-lhes ele-qual condor
alçando-se às cumeadas rochosas onde tem o ninho.
“Raciocina, examina, discerne, passo a passo, avançando como
um fim perseguido".
“Dharana é a concentração, fixidez na ideia que se penetra e
se disseca, procurando calma, equilíbrio de células e conquista de forças".
“O condor repousa após atingir os alcantis distantes".
“Nossa busca para o samadhi é dhyana, plenitude além e acima
da razão".
“Paz interna que envolve; música em uma nota só; nenhum
desejo nem preocupação".
“É o fim da própria angustiante busca, sem outros meios,
senão o mergulho interior".
“O samadhi, a iluminação, acalma e enriquece o coração de
beleza e a mente de sabedoria para o milagre do amor.”
Pairou no ambiente uma grande emoção.
- Mestre - perguntou, perplexa, a jovem discípula - como
meditar sem pensar?
- A disciplina da vontade que comanda os desejos -
respondeu, suave - sobrepõe-se às ansiedades da aquisição, e, qual uma luz
acesa dentro de uma lâmpada irradiando claridade em todas as direções, apenas
brilha...
Quando o homem santo silenciou, dele se exteriorizou branda
luz; os seus olhos profundos converteram-se em duas estrelas fulgurando na face
vestida de serenidade.
*
Dharana — Palavra sânscrita que literalmente significa
conservar a atenção, concentração.
Dhyana — Idem, significando meditação, um estado de ser
graças ao qual se descobre o que a vida é em si mesma e em seu derredor.
Samadhi —É o estado de plenitude, de iluminação.
(Notas da Autora espiritual)
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Eros. Do
livro Em algum lugar do futuro, 2.ed, 1987, p. 13.
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