11 QUESTÕES DE MULHER
Cornélio Pires
Recebi o seu bilhete,
Prezada irmã Guiomar,
Anotando três consultas:
União, mulher e lar.
Três colunas vigorosas
De expressão indefinida,
A feição de pedestais,
Para a grandeza da vida.
União surge primeiro,
O lar reponta depois;
A mulher recorda a luz
Que Deus coloca entre os dois...
Nesta verdade tão simples
Para qualquer dos mortais,
Todo homem pode muito,
Mas a mulher pode mais.
Foram feitos um e outro,
Ela, o anjo, ele, o herói
Para marcharem unidos
Em tudo o que se constrói.
Quando falham entre si,
Surgem problemas em cacho,
Onde a brecha se desdobra,
A construção vem abaixo.
Olhe o romance de Joana:
Trocou Joaquim por Galeno,
Mas Galeno quis Lolota
Que arrasou Joana a veneno.
Lilita não desculpou
Alguns deslizes de Alberto...
O esposo ao ver-se humilhado,
Matou-se com tiro certo.
Dura tragédia a que vimos
Em nosso Tião Cerqueira,
Largado pela mulher,
Jogou-se da ribanceira.
Querendo sobrepujar
O marido, Adão Ventura,
Dona Quintina da Prata
Teve morte prematura.
Jandira fugiu de casa
Por não perdoar Castilho,
Mas provocou simplesmente
A perda do próprio filho.
Deixou o lar sem razão
Dona Cota de Inhaúma,
Fez-se mulher de prazer
Mas sem paz em parte alguma.
Julgando o esposo infiel,
Suicidou-se Aninha Graça,
O pobre caiu vencido
Entre o delírio e a cachaça.
Lilia da Conceição
Largou Juquinha Belém,
Tornou-se mulher de muitos,
Sozinha como ninguém.
Zina por ódio e vingança
Largou Janjão Calatrava,
Mas lacrou no sanatório
As filhas que idolatrava.
Teotônia por desavença
Lançou o esposo no lixo,
Hoje é mulher desprezada
Na mata do Carrapicho.
Por toda parte do mundo
Se a mulher larga o dever
Deserções, crimes, suicídios,
São fáceis de aparecer.
De toda conquista humana
Que temos e que virão
Deus situou na mulher
A paz, o amor e o perdão.
E o homem? Não me perguntem...
Ao nascer, vezes e vezes,
Já começa dependendo
Da mulher por nove meses.
Se sofre, nunca se queixe,
Tolere irmã Guiomar,
A justiça vem de Deus
Ninguém precisa apressar.
XAVIER, Francisco Cândido pelo
Espírito Cornélio Pires. Retratos da vida. Cap. 11.
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