Isabel
de Aragão e Chico Xavier
Nos idos de 1977,
Chico Xavier contou-me pessoalmente do surpreendente encontro que tivera em
1927 com Isabel de Aragão, que passo a relatar.
*
Na noite de 10 de
julho, dois dias depois de sua primeira mensagem psicografada a 8 de julho de
1927, quando fazia as orações da noite, viu Chico iluminar-se o seu quarto. As
paredes refletiam luz de um lilás prateado.
*
Ajoelhado,
conforme seus hábitos católicos, abriu os olhos e divisou, perto de si, uma
senhora de admirável presença, que irradiava suave luminosidade a espraiar-se
pelo aposento.
*
Tentou levantar-se
para demonstrar-lhe respeito e cortesia, mas não conseguiu permanecer de pé e
dobrou, involuntariamente, os joelhos diante dela.
*
A dama iluminada
fitou uma imagem de Nossa Senhora do Pilar que Chico mantinha em seu quarto e
falou em castelhano, língua que o saudoso médium desconhecia, não obstante
tê-la compreendido com naturalidade.
*
— Francisco, disse
Isabel pausadamente, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o
seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos.
*
A emoção possuía
minha alma toda, entretanto pude perguntar-lhe, embora as lágrimas cobrissem o
meu rosto:
— Senhora, quem
sois vós?
— Você não se
lembra agora de mim, no entanto sou Isabel de Aragão.
Eu não conhecia
senhora alguma que tivesse esse nome e estranhei o que ela dizia.
Entretanto, uma
força interior me continha, e calei qualquer comentário em torno de minha
ignorância. Mas o diálogo estava iniciado, e indaguei:
*
— Senhora, sou
pobre e nada tenho a dar. Que auxílio poderei prestar aos mais pobres do que eu
mesmo?
*
Ela disse:
*
— Você auxiliará a
repartir pães com os necessitados.
*
Clamei com pesar:
— Senhora, quase
sempre não tenho pão para mim. Como poderei repartir pães com os outros?
*
A dama sorriu e
esclareceu-me:
— Chegará o tempo
em que você disporá de recursos.
*
Você vai escrever
para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber
vantagem material alguma pelas páginas que produzir.
*
Por isso vamos
providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a
tarefa. Confiemos na bondade do Senhor!
*
Em seguida a dama
afastou-se, deixando meu quarto em plena escuridão. Chorei de emoção, para mim
inexplicável, até o amanhecer do dia seguinte.
*
Cerca de quinze
dias depois, estava eu nas preces da noite, quando me apareceu um senhor
vestido em roupa branca; por intuição, notei ser um sacerdote.
*
Saudei-o com muito
respeito, e ele me respondeu com bondade, explicando-se:
*
— Chico, fui no
século XIV um dos confessores da Rainha Santa, D. Isabel de Aragão, que se fez
esposa do rei de Portugal, D. Dinis.
*
Ela desenvolveu elevadas iniciativas de beneficência e instrução nos dois reinos que formam a conhecida Península na Europa e voltou ao mundo espiritual em 4 de julho de 1336. Desde então protege todas as obras de caridade e educação na Espanha e Portugal.
*
Foi ela quem o visitou há alguns dias, nas preces da noite e
prometeu-lhe assistência.
*
Chico lembrou que
ficara calado porque tinha um nó na garganta…
*
E acrescentou:
*
— No primeiro
sábado que se seguiu às ocorrências que descrevo, fui com minha irmã Luíza até
uma ponte muito pobre, ainda hoje existente e reformada, na cidade de Pedro
Leopoldo, Minas, conduzindo um pequeno cesto de oito pães…
*
Até deixar-nos em
30 de junho de 2002, Chico manteve a distribuição semanal de pães a crianças,
famílias e idosos carentes de Pedro Leopoldo e Uberaba, cidades onde
desenvolveu seu apostolado.
*
Do livro Mensagens de Inês de Castro – F. C. Xavier/Caio Ramacciotti – Ed. GEEM.
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