DIVINA SUPRESA
Maria Dolores
Alma fraterna e boa,
Se o impulso da prece te
abençoa,
Quando queiras orar,
Buscando segurança no
Senhor,
Faze em qualquer lugar
O teu louvor ou a tua
petição!...
A Terra inteira é um templo
Aberto à inspiração
Que verte das Alturas,
Mas, se quiseres encontrar
O mestre que procuras,
Atende, alma querida!...
Desce ao vale de lágrimas da
vida,
A imensa retaguarda
Onde o consolo tarda...
Ouve a dor da penúria e o
pranto da viuvez,
Volve à sombra das margens
do caminho
E estende o braço forte
Aos que vagam sem norte,
Na saudade do lar que se
desfez!...
Escuta os que se vão
À noite, ao frio e ao
vento,
Sem poderem contar o próprio
sofrimento,
Famintos de carinho e
compreensão...
Pára e abraça a criança
Que o desprezo consome
E a doença extermina,
Pára e ausenta a nudez, a
febre e a fome
Dessa flor pequenina!
Ouve o coro do enfermo que
não tem
Senão pó, lama e lágrimas
por leito
E, à guisa de aposento, um
canto estreito
Na terra de ninguém.
Atentamente, anota em torno
os brados
De quem conhece a mágoa no
apogeu,
Os tristes corações
despedaçados
Que a calúnia venceu...
Vais onde exista aflição,
Oferecendo a cada sofredor
Uma bênção de amor,
E, aí, surpreenderás um
divino clarão
Que, dúlcido, irradia
Paz, bondade, alegria...
Em meio dessa luz,
Escutarás Jesus,
Enternecidamente,
A dizer-te no fundo da alma
carente:
- Alma querida vem!...
Ouço-te a voz na prece, em qualquer parte,
Devo, entanto,
esperar-te
Na seara do bem.
Chamaste-me, decerto,
Para saber que Deus ama e
compreende em ti!...
Buscavas-me tão longe e
aguardo-te tão perto...
Alma boa, eis-me aqui!...
XAVIER, Francisco Cândido
pelo Espírito Maria Dolores. Antologia Mediúnica do Natal. Autores Diversos.
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