Temperamento
Emmanuel
Tema: Autocontrole
Somos cuidadosos, salvaguardando o clima doméstico.
Dispositivos de alarme, faxinas, inseticidas, engenhos de proteção e limpeza.
No entanto, raros de nós se acautelam contra o inimigo que
se nos instala no próprio ser, sob os nomes de canseira, nervosismo, angústia
ou preocupação.
Asseguramos a tranqüilidade dos que nos cercam,
multiplicando recursos de segurança e higiene, no plano exterior, e,
simultaneamente, acumulamos nuvens de pensamentos obsessivos que terminam
suscitando pesadelos dentro de casa.
Muitas vezes, desapontados conosco mesmos, à face dos
estragos estabelecidos por nossa invigilância, recorremos a tranquilizantes
diversos, tentando situar a impulsividade que nos é própria no quadro das
moléstias nervosas, no pressuposto de inocentar-nos.
Sem dúvidas não podemos subestimar o poder da mente sobre o
campo físico em que se apóia. Se acalentarmos a irritação sistemática, é natural
que os choques do espírito atrabiliário alcancem corpo sensível, descerrando
brechas à enfermidade.
Nesse caso, é preciso rogar por socorro ao remédio. Ainda
assim, é imperioso nos decidamos ao difícil entendimento do autodomínio.
No que concerne a temperamento, é possível receber as
melhores instruções e receitas de calma; entretanto, em última análise, a
providência decisiva pertence a nós mesmos.
Ninguém consegue penetrar nos redutos de nossa alma, a fim
de guarnece-la com barricadas e trancas.
Queiramos ou não, somos senhores de nosso reino mental. Por
muito nos achemos hoje encarcerados, do ponto de vista de superfície, nas
conseqüências do passado, pelas ações infelizes em nossa estrada de ontem,
somos livres, na esfera íntima, para controlar e educar o nosso modo de ser.
Não nos esqueçamos de que fomos colocados, no campo da vida, com o objetivo
supremo de nosso rendimento máximo para o bem comum.
Saibamos enfrentar os nossos problemas como sejam e como
venham, opondo-lhes as faculdades de trabalho e de estudo que somos portadores.
Nem explosão pelas tempestades magnéticas da cólera e nem fuga pela tangente do
desculpismo.
Conter-nos. Governar-nos.
Aqui e além, estamos chamados a conviver com os outros, mas
viveremos em nós estruturando os próprios destinos, na pauta de nossa vontade,
porque a vida, em nome de Deus, criou em cada um de nós um mundo por si.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Do livro "Encontro
Marcado".
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