Saudades de Jesus
Joanna de Ângelis
No tumulto que assola em toda parte no planeta terrestre,
desequilibrando o comportamento humano, parece não haver espaço para a
harmonia, tampouco segurança para a vivência espiritual que dignifica e
tranquiliza o Espírito.
As distrações confraternizam com as tragédias e os sorrisos
misturam-se às lágrimas, numa paisagem de ilusão e dor, que empurram suas
vítimas para o desencanto, a saturação, empobrecimento moral, o vazio
existencial.
Multiplicam-se, assustadoramente, os agentes da hipnose do
consumismo, em fuga espetacular da realidade, transformando-se em mecanismos
impotentes para preencher as lacunas da alma sedenta de paz.
Ignorando-se como adquirir a harmonia íntima, a avalanche
dos prazeres apresenta-se como a melhor maneira de desfrutar-se das horas que
se vive, não conseguindo, porém, proporcionar bem-estar, por causa da sua
fugacidade.
O número incontável de pessoas que não possui, porque
desconhece, o sentido profundo da reencarnação, encanta-se com essas fantasias
que logo são substituídas por outras, ansiosas e instáveis, que desaparecem na
voragem dos conflitos em que sucumbem, sem consciência do que lhes acontece.
Os espetáculos de gozo imediato e fugidio apresentam-se,
sempre, multiplicados, atraindo aficionados, que se tornam vítimas do seu
fascínio, logo transformado em solidão e mentira.
Os deuses da economia alertam e aprisionam os apaixonados
pelo ter e pelo poder nos seus cofres e máquinas de ações e de títulos,
entusiasmando-os a ponto de se escravizarem aos jogos das bolsas e negócios
variáveis que propõem, segundo eles, a felicidade.
Firmam o conceito de que aqueles que são aquinhoados com a
fortuna desfrutam da plenitude porque podem adquirir tudo quanto emociona.
Paraísos de indescritível beleza são-lhes oferecidos para os
períodos de férias ou as permanentes férias com a ausência dos sentimentos
elevados.
Olvidam que dinheiro nenhum consegue apagar a culpa no imo,
oferecer afeto real e de profundidade.
Somente quando a razão abraça a emoção, em perfeita
identidade de propósitos, é que o ser pode experimentar plenitude que não tem
as aparências das satisfações fisiológicas e das apresentações exteriores em
que o orgulho e a presunção destacam-se na sociedade.
O homem e a mulher necessitam de ideais engrandecedores para
nutrir-se e crescer interiormente.
As aspirações meramente materiais, as que promovem o
exterior, assim que conseguidas perdem o s entido e os abandonam sem
consideração.
É nesse sentido que o Evangelho faz falta à sociedade
moderna.
* * *
Quanta saudade de Jesus!
A Sua mensagem de ternura e amor, repassada de misericórdia,
possui o condão mágico de alterar o significado de todas as existências.
A ingenuidade inserta na sabedoria dos Seus ensinamentos é
um poema de atualidade em todos os tempos, que comove, propicia equilíbrio e
restaura a compreensão em torno dos deveres que a todos cabe desempenhar.
Porque elegeu os infelizes, ergueu-os do caos em que se
encontravam ao planalto da dignidade libertadora, fez-se o mais desafiador
exemplo de bondade que o mundo conheceu, e tornou-se modelo para incontáveis
discípulos fascinados pelo Seu exemplo, que tentaram repetir a incomparável
façanha da compaixão e da caridade.
Revolucionou as convicções, nas quais predominavam o ódio e
a vingança, e estabeleceu que o amor e o perdão constituem os elementos,
únicos, aliás, p ara a completude individual e coletiva.
Utilizou-se de palavras simples para explicar os dramas
complexos, assim como de imagens do cotidiano para elucidar os enigmas dos
comportamentos em desvalor, que predominavam, e ninguém jamais falou conforme
Ele o fez, emoldurando as palavras com as ações candentes da compreensão do
sofrimento humano.
Ninguém valorizou a pobreza e os testemunhos de dor como
instrumentos de elevação moral, como Ele o fez.
Nestes dias de complexas angústias, não são diferentes as
aflições que necessitam da presença e do socorro de Jesus.
Pode-se afirmar que são mais afligentes, em razão das
circunstâncias culturais e comportamentos alienantes, dos desafios e dos
impositivos enfrentados, dos interesses em jogo, sob o domínio do ego.
Todos esses fatores, porém, têm as suas raízes no cerne do
Espírito, resultado do seu atraso moral dos atos reprocháveis, do descaso pelos
valores dignificantes que devem servir de roteiro seguro para a evolução.
Ante a ausência dos afetos que lenificam as aflições morais,
dos desastres resultantes dos vícios e prisões emocionais, a figura inolvidável
do Rabi faz muita falta aos deambulantes carnais.
Incontáveis mulheres equivocadas e criaturas endemoniadas
encontram-se necessitadas do Seu amparo, cuja grandeza enfrentou a hipocrisia
vigente em imorredouros testemunhos de afetividade.
Ricos, como Zaqueu, e miseráveis como todos aqueles que Lhe
buscaram o auxílio enxameiam e movimentam-se sem norte ante a indiferença dos
poderosos, não menos atormentados.
Quanta saudade de Jesus!
Refugia-te no Amigo que não teve amigos e deixa que Ele te conduza.
Nada te perturbe ou confunda a tua mente, face à corrosão do
materialismo dominador.
Medita na Sua vida de dedicação a todos os infelizes, que
somos quase todos nós, e propaga-a porquanto, jamais, como na atualidade, Jesus
necessitou tanto ser conhecido, para que a existência humana passe a ter
sentido na sua imortalidade.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia
de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 25.5.2015, no Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
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