Refletindo sobre as
respostas de Chico Xavier
Que lhe ocorre dizer
às pessoas que, embora se esforcem, não conseguem se espiritualizar, porque se
sentem cativas de remanescentes paixões ou fortes algemas emocionais?
Chico Xavier:
- Ainda que nos sintamos encarcerados em idéias negativas
que, às vezes, nos colocam em sintonia com inteligências encarnadas ou
desencarnadas, ainda presas a certos complexos de culpa, conseguiremos a
própria liberação desses estados, claramente infelizes, se nos dispusermos com
sinceridade a varar a concha do nosso próprio egoísmo, esquecendo, quanto ao
aspecto inarmônico de nossa vida mental, para servir aos outros, especialmente
àqueles que atravessam provações e problemas muito maiores que os nossos.
(Jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número
171, fevereiro/abril de 1977)
Chico, estamos diante
de uma onda crescente de violência em todo o mundo. A que os espíritos atribuem
essa ocorrência? Gostaria que você se detivesse também no problema dessa
corrida da população às armas, para a defesa pessoal. Como você vê tudo isso?
Chico Xavier:
- Temos debatido esse problema com diversos amigos,
inclusive com nossos benfeitores espirituais e eles são unânimes em afirmar que
a solidão gera o egocentrismo e esse egocentrismo exagerado reclama um espírito
de autodefesa muito avançado em que as criaturas, às vezes, se perdem em
verdadeiras alucinações.
Então a violência é uma conseqüência do desamor que temos
vivido em nossos tempos, conforto talvez excessivo que a era tecnológica nos
proporciona. A criatura vai se apaixonando por facilidades materiais e se
esquece de que nós precisamos de amor, paciência, compreensão e carinho. A
ausência desses valores espirituais vai criando essa agressividade exagerada no
relacionamento entre as pessoas ou entre muitas das pessoas no nosso tempo.
De modo que precisaríamos mesmo de uma campanha de
evangelização, de retorno ao Cristianismo em sua feição mais simples para que
venhamos a compreender que não podemos pedir assistência espiritual a um trator
de esteira, não podemos pedir socorro a determinados engenhos que hoje nos
servem como recursos de pesquisas em pleno firmamento, nós precisamos desses
valores de uns para com os outros.
Quando nos voltarmos para o sentimento, para o coração,
acreditamos que tanto a violência, como a corrida às armas para defesa pessoal
decrescerão ao ponto mínimo e vamos extinguindo isso, pouco a pouco, à medida
que crescemos em manifestações de amor, reciprocamente.
(Transcrito no livro de sua autoria “Lições de Sabedoria –
Chico Xavier)
Qual o melhor
antídoto contra a falta de confiança em nós mesmos?
Chico Xavier:
- Os amigos da Vida Maior nos ensinam que na prática da
humildade, na prestação de serviços aos nossos irmãos da Humanidade,
adquiriremos esse antídoto contra a falta de confiança em nós próprios, de vez
que aprenderemos, na humildade, que o bem verdadeiro, de que possamos ser
intérprete, em favor de nossos semelhantes, procede de Deus e não de nós.
(Em entrevista
publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG,
fevereiro/abril de 1977).
Na sua opinião, para onde caminha a Humanidade? Haverá
responsabilidade de, em breve, atingirmos um grau de igualdade e fraternidade
entre os homens?
Chico Xavier:
- Creio que mesmo que isto nos custe muitos sofrimentos
coletivos, nós chegaremos até a confraternização mundial.
As circunstâncias da vida na Terra nos induzirão a isso e
nos conduzirão para essa vitória de solidariedade humana.
Não é para outra coisa que o Cristianismo, nas suas diversas
interpretações, dentro das quais está a nossa faixa de doutrina espírita
militante, terá nascido, não é? Eu creio que acima de nossas governanças, todas
elas veneráveis, temos o Governo de poderes maiores que nos inspira e que,
naturalmente, nos enviará recursos para que essa vitória da fraternidade
universal se verifique.
(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado
pela União Espírita Mineira )
Qual a posição do
Espiritismo, hoje, quando a Igreja amplia a evangelização, com a visita do Papa
a várias regiões do mundo?
Chico Xavier:
- Nós, brasileiros, temos para com a Igreja Católica uma
dívida irresgatável, porque por mais de 400 anos nós fomos e somos tutelados
por ela na formação do nosso caráter cristão.
Quando nos lembramos que os primeiros missionários entraram
pela terra brasileira adentro, não com laminas ou objetos de guerra, mas com a
cruz de Cristo, nós nos enternecemos profundamente e compreendemos que a nossa
dívida é imensa.
Se o nosso povo está tributando as homenagens merecidas e
justas ao Papa, que nos visita em missão de Deus, nós devemos estar satisfeitos
e rejubilar-nos com essas manifestações, porque isso mostra que nosso povo é
reconhecido a uma instituição que nos deu e dá tanto.
Hoje, podemos ser livres pensadores espíritas,
espiritualistas, evangélicos, podemos matricular nossos corações nas diversas
escolas que são derivadas do próprio Cristianismo, mas não podemos esquecer
aquele trabalho heróico dos primeiros tempos, dos primeiros séculos.
A Igreja até hoje tutela a comunidade brasileira, com muito
amor.
(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado
pela União Espírita Mineira)
Mesmo sem quase nunca
sair de Uberaba, o senhor vem acompanhando a situação do mundo atual e,
particularmente, os muitos problemas brasileiros. Como analisaria tudo isso?
Chico Xavier:
- O mundo que hoje se nos apresenta parece totalmente
desorientado. As pessoas perderam o interesse por tudo. Até pela própria
existência!
Os jovens não sabem que caminho seguir. Além disso são
perseguidos pelas drogas. Quanto ao Brasil, pode parecer estranho o que vou
dizer, mas, à medida que nossa comunidade se enriqueceu materialmente, uma
nuvem de incompreensão nos cobriu a todos. Quando o País era paupérrimo,
principalmente na região que nasci, centro-sertão de Minas Gerais, nós éramos
obrigados a trabalhar muito dos 10 anos em diante. A escola era algo de
sacrifício, de privilégio. Estudávamos quando e se tivéssemos tempo, após
colher feijão, socar arroz e milho, carpir a terra, alimentar os animais.
Dávamos um valor especial àquilo que conseguíamos através de
nosso suor, de nosso esforço. A medida que fomos nos desenvolvendo, nos
industrializando, e as coisas foram ficando mais fáceis, fomos também perdendo
a noção do valor delas.
Nós enriquecemos materialmente e perdemos nossa riqueza
espiritual. Mas acredito que isso seja uma coisa transitória, pois sei que ao
final teremos todo o amparo da fé cristã que nos livrará das ameaças. Creio na
vitória de Jesus Cristo.
(Em entrevista publicada na revista Contigo/Superstar, São
Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO ESPÍRITA 1985)
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Qual é a verdade
desta vida?
Chico Xavier:
- Há algum tempo, um espírito amigo, aliás, um trovador de
renome, ao referir-se à Verdade, me disse que ela se parece a um espelho do Céu
que se quebrou ao tocar na Terra, em inúmeros fragmentos. Cada um de nós possui
um pequeno pedaço desse espelho simbólico, com o qual pode observar a própria
imagem, aperfeiçoando-a sempre.
(Do livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier)
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Nota-se de uns tempos
para cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo.
Como o senhor vê essa situação?
Chico Xavier:
- Eu creio que o número de adeptos da Doutrina Espírita tem
crescido em função das provas coletivas com que temos sido defrontados,
acidentes dolorosos, provações muito difíceis, desvinculações familiares
tremendas, transformações muito rápidas nos costumes sociais e tudo isso tem
induzido a comunidade a procurar uma resposta espiritual a estes problemas que
vão sendo suscitados pela própria renovação do nosso tempo.
Eu creio que, por isso mesmo, a Doutrina Espírita tenha
alcançado este campo de trabalho cada vez mais amplo, que considero também não
como êxito, mas como amplitude e responsabilidade para aqueles que são os
companheiros da seara espírita e evangélica.
(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,editado
pela União Espírita Mineira.)
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Sempre me pareceu que
nós, a maioria das pessoas, desconhecemos a imensa força do pensamento na
formulação da existência.O pensamento pode reformular a vida de uma pessoa?
Chico Xavier:
- Sem dúvida. Os benfeitores espirituais são unânimes em
asseverar que toda renovação do espírito, em qualquer circunstância, começa na
força mental. O pensamento é a força criadora nas menores manifestações.
Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando
Worm, publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número
171, fevereiro/abril de 1977. Página 241 do livro “Chico Xavier – mandato de
amor”/União Espírita Mineira – Belo Horizonte, 1992.
No seu modo de
entender, como se situa o Espiritismo no Brasil?
Chico Xavier:
- Desde muito, os instrutores desencarnados nos ensinam, por
via mediúnica, que o Espiritismo no Brasil é realmente a Doutrina Codificada
por Allan Kardec, restaurando os ensinamentos de Jesus, em sua simplicidade e
clareza. Enquanto em muitos países diferentes do nosso, a prática espírita se
resume a observações puramente científicas e a técnicas mediúnicas, entre nós,
brasileiros, o assunto assume características diversas, compreendendo-se que o
reconhecimento da imortalidade da alma faz-se acompanhar de conseqüências
morais a que não nos será lícito fugir. Aprendemos com Allan Kardec que a
Doutrina Espírita é a presença espiritual de Nosso Senhor Jesus Cristo na
Terra, conclamando-nos à vivência real dos seus ensinamentos de luz e amor.
Em razão disso, o Espiritismo no Brasil é a caridade em ação
com a fé raciocinada baseando-lhe as iniciativas e movimentos. Consultemos o
acervo das instituições assistenciais do Espiritismo Cristão, espalhadas no
Brasil inteiro e observemos a difusão das obras de Allan Kardec, em todo o
nosso País, com a supervisão e o devotamento da Federação Espírita Brasileira e
ser-nos-á fácil reconhecer em nosso desenvolvimento coletivo a presença do
Espiritismo em sua legítima expressão, a definir-se como sendo o retorno das
criaturas ao Cristianismo simples e puro.
Justamente por ocasião do seu quadragésimo aniversário em
mediunidade, em 1967, Chico Xavier foi ouvido pelo jovem radialista Romeu
Sérgio, que lhe formulou algumas indagações, respondidas, para figurarem num
programa de grande audiência na Rádio Cultura da cidade de Ribeirão Preto,
Estado de São Paulo, de onde pinçamos essa opinião.
Do livro de Elias Barbosa, No Mundo de Chico Xavier, editado
pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, SP.
FONTE:
O CHICO XAVIER RESPONDE. Disponível em : http://chico-xavier.com/o-chico-responde/.
Acesso em 02 AG. 2013.
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