Doenças Fantasmas
André Luiz
Somos defrontados com freqüência por aflitivo problema cuja
solução reside em nós.
A ele debitamos longas fileiras de irmãos nossos que não
apenas infelicitam o lar onde são chamados à sustentação do equilíbrio, mas
igualmente enxameiam nos consultórios médicos e nas casas de saúde, tomando o
lugar de necessitados autênticos.
Referimo-nos às criaturas menos vigilantes, sempre
inclinadas ao exagero de quaisquer sintomas ou impressões e que se tornam
doentes imaginários, vítimas que se fazem de si mesmas nos domínios das
moléstias-fantasmas.
Experimentam, às vezes, leve intoxicação, superável sem
maiores esforços, e, dramatizando em demasia pequeninos desajustes orgânicos,
encharcam-se de drogas, respeitáveis quando necessárias,mas que funcionam a
maneira de cargas elétricas inoportunas, sempre que impropriamente aplicadas.
Atingido esse ponto, semelhantes devotos da fantasia e do
medo destrutivo caem fisicamente em processos de desgastes,cujas as
conseqüência ninguém pode prever, ou entram, modo imperceptíveis para eles, nas
calamidades sutis da obsessão oculta, pelas quais desencarnados menos felizes
lhes dilapidam as forças.
Depois disso, instalada a alteração do corpo ou da mente, é
natural que o desequilíbrio real apareça e se consolide, trazendo até mesmo a
desencarnação precoce, em agravo de responsabilidade daqueles que se entibiam
diante da vida, sem coragem para trabalhar, sofrer e lutar.
Precatemo-nos contra esse perigo absolutamente dispensável.
Se uma dor aparece, auscultemos nossa conduta, verificando
se não demos causa à benéfica advertência da Natureza.
Se surge a depressão nervosa, examinemos o teor das emoções
a que estejamos entregando as energias do pensamento, de modo a saber se o
cansaço não se resume a um aviso salutar da própria alma,para que venhamos a
clarear a existência e o rumo.
Antes de lançar qualquer pedido angustiado de socorro,
aprendamos a socorrer-nos através da auto-análise,criteriosa e consciente.
Ainda que não seja por nós, façamos isso pelos outros,
aqueles outros que nos amam e que perdem, inconsequentemente, recurso e tempo
valiosos, sofrendo em vão com a leviandade e a fraqueza de que fornecemos
testemunhos.
Nós que nos esmeramos no trabalho desobssessivo, em
Doutrina Espírita, consagremos a possível atenção a esse assunto, combatendo as
doenças-fantasmas que são capazes de transformar-nos em focos de padecimentos
injustificáveis a que nos conduzimos por fatores lamentáveis de auto-obsessão.
XAVIER, Francisco Cândido Xavier ; VIEIRA, Waldo. Estude e Viva.
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