Invasão dos Bárbaros
Richard Simonetti
Nestes tempos de transição, em
que a população mundial ultrapassa os sete bilhões de habitantes, a impressão é
de estamos sofrendo, à semelhança do que ocorreu no passado com o Império
Romano, uma invasão de bárbaros.
A diferença é que no pretérito
estas hordas tinham uma conformação étnica, situando-se por hunos, visigodos,
vândalos…
Os bárbaros de hoje surgem das entranhas de nossa própria sociedade,
pelas portas da reencarnação.
Se os fluxos migratórios do
continente espiritual para o mundo físico, envolvendo multidões de Espíritos,
obedecem à direção do planeta, confiada a Jesus, segundo nos informa Emmanuel,
pela psicografia de Chico Xavier, fica a pergunta:
por que foram abertas as
porteiras do Umbral, despejando sobre o plano físico multidões desvairadas,
cuja característica principal é a agressividade e o desrespeito pela vida
humana?
Diríamos que estamos diante de
uma contingência evolutiva.
O crescimento da população
oferece a inteligências primitivas a oportunidade de um contato com as agruras
da vida física, qual lixa grossa a desbastar suas imperfeições mais grosseiras,
ao mesmo tempo em que sua presença perturbadora impõe às coletividades
terrestres uma reavaliação de suas motivações existenciais.
Consideremos, em princípio, o
comportamento do homem comum.
Nas férias escolares milhões de brasileiros
buscam descanso nas praias.
Os fins de semana são marcados por multidões que
procuram “sombra e água fresca” para cultivar a felicidade de não fazer
absolutamente nada, dando tratos à fantasia, sob o embalo da indiferença que
sempre sugere perigosas incursões no vício e na irresponsabilidade.
Não há por que censurar o
descanso, o lazer, a viagem, a rede…
O problema é que isso tudo que deveria ser
parte da vida, costuma tornar-se a finalidade dela, sob inspiração do velho
egoísmo humano.
Resultado: Prevalece a ideia de
que todos os problemas que envolvem o país e a comunidade devem ser resolvidos
pelo Governo, ao qual compete educar o ignorante, conter o agressivo, castigar
o criminoso, sustentar o desempregado, promover o progresso, realizar nossos
sonhos de prosperidade!
Não nos demos conta de algo
elementar: o Governo é apenas uma representação da sociedade!
Pouco poderá
fazer se a população não se engajar decididamente nas iniciativas que visam
promover o bem-estar social.
A decantada civilização
cristianizada do Terceiro Milênio não será implantada por decreto celeste.
Inútil esperar por ela, enquanto as coletividades terrestres não operarem
fundamental mudança de comportamento, partindo do egoísmo para o altruísmo, dos
interesses pessoais para as necessidades coletivas, das realizações efêmeras do
individualismo exacerbado para as gloriosas construções do amor fraterno.
O confronto atual com Espíritos
encarnados ainda presos ao primitivismo não seria necessário, se ao longo dos
dois milênios que marcaram o advento do Cristianismo os homens houvessem
aprendido as lições fundamentais de Jesus, exercitando o serviço do Bem e
educando seus irmãos em Humanidade, com a força do exemplo.
Imaginemos uma mobilização de
toda a população produtiva de uma comunidade, envolvendo a classe média e
abastada, a oferecer de seus recursos, de seu tempo, de seu trabalho…
Não haveria problemas insolúveis.
A própria subnutrição que aflige milhões de brasileiros, não é simples fruto de
uma má distribuição dos bens da produção, de leis injustas criadas por minorias
ambiciosas, como pretendem os socialistas de plantão.
Ela é sustentada muito mais pela
omissão de considerável parcela da população que poderia algo fazer, mas
simplesmente prefere fechar os olhos, transitando sem traumas e sem
constrangimentos entre necessitados e sofredores de todos os matizes, em
absoluta indiferença.
Ingenuidade falar-se em justiça
social ao peso de mudanças estruturais, leis ou regimes, num mundo orientado
pelo supremo gerador de injustiças que é o egoísmo, a tendência de cada um por
si e o resto que se dane!
Richard Simonetti
Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em http://www.forumespirita.net/fe/estudos-mensais/evolucao-do-espirito-e-a-web/225/#.V6VsFrgrLIU .
Acesso em 06 AGO 2016.
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