Solidão e Jesus
Joanna de Ângelis
Quando as amarguras da jornada te assinalem a alma, jungindo-te ao carro
sombrio onde a solidão se demora algemada, recorda o Mestre Crucificado, em
terrível abandono.
Onde os amigos d'outrora, as multidões saciadas e os corações socorridos?
Começara o ministério, a que se entregaria integralmente, nas alegres bodas de
Caná, e encerrava-o numa Cruz, esquecido dos beneficiários constantes que O
envolviam em álacre vozerio.
Sempre estivera o Mestre cercado pelas criaturas...
Pregara nas cercanias formosas das cidades e das aldeias, nas praias livres
entre o lago e as montanhas, nas Sinagogas repletas e nas praças movimentadas.
Atendera a todos que Lhe buscaram socorro.
Todo o Seu Apostolado de amor foi de enobrecimento.
À mulher desprezada e em aviltamento, ofereceu as mais belas expressões da sua
Mensagem.
Consolou e esclareceu a Samaritana atormentada.
Retirou dos coxins de veludo e seda a obsedada de Magdala.
Convidou Marta às questões do Espírito.
Atendeu à mulher Cananéia, prodigalizando o equilíbrio à filha endemoniada.
Hanah, a sogra de Pedro, recebeu-Lhe o passe curador.
À pobre hemorroíssa sito-fenícia restituiu a saúde.
Ofereceu à viúva de Naim o filho considerado morto.
Joanna, a mulher de Cusa, recebeu-Lhe o convite para a vida imperecível.
A filha de Jairo prodigalizou a bênção do despertamento das malhas da
catalepsia.
Além delas, distendeu o amor a todos os corações.
Leprosos e sadios participaram do Seu convívio.
Homens ilustres e mendigos foram comensais da sua afeição.
Recuperou a serenidade no homem de Gadara, infelicitado por Espíritos
obsessores e curou o filho do Centurião.
Elucidou o afortunado príncipe do Sinédrio em colóquio fraterno, e propiciou
luz aos olhos fechados de mísero cego das estradas de Jericó.
Honrou a rica propriedade de Zaqueu e fez refeições nos barcos humildes dos
pobres pescadores.
Revelou a Boa Nova aos sábios de Jerusalém que a escutaram deslumbrados e, à
última hora, ensinou aos malsinados ladrões, companheiros de crucificação, a
porta estreita para a liberdade espiritual.
Movimentou os membros paralisados de Natanael, descido pelo telhado, e revelou
aos discípulos do Batista os sinais que O identificam como o Esperado...
Milhares de alma receberam a paz e a saúde de Suas mãos.
Os "demônios" submetiam-se a sua voz.
O mar respeitou-Lhe a ordem.
O vento atendeu-Lhe o imperativo.
As doenças desapareciam ao Seu contato.
Os anjos obedeciam-Lhe à vontade.
No entanto, à hora da angústia, sorveu a taça de amargura a sós.
O coração feminino, junto à Cruz, apresentou-Lhe apenas a saudade e a aflição,
em lágrimas.
Mas provou a agonia, o escárnio e a humilhação em suprema soledade.
Nenhuma voz se ergueu para defendê-lO nas Altas Cortes.
Todavia, entregando-se confiante ao Pai, venceu o mundo e todos os seus enganos
e, mesmo depois da morte, ressurgiu glorioso, voltando ao amor para a
felicidade de todos.
Lembra-te dEle.
Só no mundo, e o Pai com Ele.
À hora das tuas provações, os companheiros e beneficiários do teu carinho não
podem ficar contigo; seguirão adiante.
A vida espera mais além.
Tem paciência!
Não os ames menos por isso, Eles necessitam da tua compreensão e do teu
carinho.
Cresce para ajudar no crescimento deles.
E mesmo que a morte venha às tuas carnes, renascerás das cinzas da sepultura,
em esplêndida madrugada, para continuares o teu labor junto àqueles que te
abandonaram.
Na tua solidão, entretanto, Jesus estará sempre contigo.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis. Messe de amor
FONTE
MANSÃO DO CAMINHO. Disponível em
<https://www.facebook.com/MansaoDoCaminho/photos/a.373704069320420/728365767187580/?type=3&locale=pt_BR>.
Acesso: 28 MAR 2024.
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