A Capa
Casimiro Cunha
Enquanto vibra o calor do verão, em luz florida, a capa confortadora permanece recolhida.
Em tudo há sol claro e quente, após a bênção do orvalho. . .
Oculta-se a capa amiga nas reservas de agasalhos.
Entretanto, chega um dia, que surge na imensidão, envolto de sombras frias e sopros de tempestade.
Rajadas dilacerantes invadem a atmosfera, não mais a carícia doce das tardes de primavera.
De outras vezes, muito embora cesse a grande ventania, continua o inverno forte, torturando noite e dia.
Ar gelado, névoas densas ao longo de toda a estrada, se a neve não cai do céu, a terra sofre a geada.
É quando a capa bondosa aparece no caminho, como a terna mensageira do consolo e do carinho.
Requestada em toda parte, no tempo frio e brumoso, trabalha, conforta e ajuda, sem as pausas do repouso.
Assim, no inverno das dores que trazem desolação, a crença é a capa celeste que agasalha o coração.
Mas no mundo há muito crente, que quando padece e chora, desatende a Providência e atira com a capa fora.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 11, p.10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”