Convite à Felicidade
Joanna de Ângelis
“O meu reino não é deste mundo.”(João: capítulo 18º,
versículo 36).
Desnecessária a fortuna a fim de frui-la.
Secundária a juventude de modo a gozá-la.
Dispensável o poder para experimentá-la.
A felicidade independe dos valores externos, sempre
transitórios, sem maior significação, além daquela que se lhes atribuem.
Quando na velhice, o homem repassa as evocações, os sucessos
e lamenta a juventude vencida.
Na enfermidade, considera os tesouros da saúde e sofre-lhe a
ausência.
Diante da constrição da pobreza lembra as dádivas das moedas
e experimenta amargura por não as possuir.
Sob condições de dependência, padece não ser forte no mundo
dos negócios ou da política, deixando-se afligir desnecessariamente.
Acicatado por problemas morais, angustia-se ao verificar o
júbilo alheio daqueles que transitam guindados a situações de destaque ou
exibindo sorrisos de tranqüilidade.
Isto por ignorar o testemunho de aflição que cada um deve
doar no panorama da evolução inadiável, de que ninguém se pode eximir.
Felicidade é construção demorada, que se realiza
interiormente a tributo de laboriosa ação sacrificial.
Sem características externas, a seu turno, quando invade o
ser, exterioriza-se qual luz brilhante aprisionada em redoma de delicado
cristal...
Mesmo quando o homem consegue adicionar a juventude, o
poder, a fortuna e a saúde aparente a felicidade não está implicitamente com
ele.
Por essa razão, lecionou Jesus que o Seu Reino não é deste
mundo, como a corroborar que a felicidade não pode ser encontrada na Terra, por
ser ainda o Orbe o domicílio expiatório e de provações onde todos forjamos a
felicidade real, que virá só futuramente.
Realiza o teu quinhão de dever com devotamento e faze sempre
o melhor a fim de que o aplauso da consciência tranqüila te conduza ao pórtico
da felicidade real.
Não te exasperes face à desdita aparente.
Nem te apegues ao
júbilo momentâneo também ilusório.
De tudo e todos os estados retira o proveito da aprendizagem
e, assim fazendo, a pouco e pouco perceberás que a felicidade é conseqüência da
autoiluminação libertadora, como decorrência do amor exercido em plenitude fraternal.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Angelis.
Convites da vida, Cap. 23, p .20-21, 1972.
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