Convite à Gratidão
Joanna de Ângelis
“Bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos
insultam.” (Lucas: capítulo 6º, versículo 28).
Por temperamento te retrais em muitas circunstâncias, quando
deverias e poderias exteriorizar os sentimentos que portas.
Supões que todos marcham guindados à alegria, tão jubilosos
se manifestam, que evitas traduzir os tesouros da boa palavra e da gentileza
que se vão enferrujando por desuso nos cofres do teu coração.
Recebes dádivas, fruis oportunidades, recolhes bênçãos,
acumulas favores, arrolas benefícios e somente uma formal expressão já
desgastada de reconhecimento te escapa dos lábios.
Justificas-te no pressuposto de que retribuiste com a
necessária remuneração, nada mais podendo ou devendo fazer.
Não há, porém, moeda que recompense uma noite de assistência
carinhosa à cabeceira do leito de um enfermo.
É sempre pálido o pagamento material, passado o sacrifício
de quem se nos dedicou em forças e carinho.
Mas o gesto de ternura, a palavra cálida, a atenção gentil,
o sorriso expressivo de afeto espontâneo são valores-gratidão que não nos cabe desconsiderar
ou esquecer.
Em muitos profissionais deste ou daquele mister esfria-se a
dedicação, substituida por uma cortesia estudada e sem vida, em conseqüência da
ingratidão constante dos beneficiários das suas mãos e das suas atenções.
Acostumaram-se a ver no cliente de tal ou qual procedência
apenas um outro a mais e se desvincularam afetivamente, por não receberem o
calor humano do sentimento da gratidão.
Gratidão, como amor, é também dever que não apenas aquece
quem recebe, como reconforta quem oferece.
A pétala de rosa espalhando perfume ignora a emoção e a
alegria que propicia.
Doa a tua expressão de reconhecimento junto aos que se
tornaram frios e o teu amor aquece-los-á.
Batendo-se-lhes às portas da afetividade, por gratidão, elas
se abrirão para que a paz que ofereças reine em derredor deles e de ti mesmo,
porqüanto a regra excelsa é bendizer até aqueles que nos maldizem, orando por
quantos nos insultam.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Convites da vida, Cap. 26, p .23-24, 1972.
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