Homenagem Allan Kardec
Amaral Ornellas
Trouxeste, Allan Kardec, à longa noite humana
O Cristo em nova luz - revivescida aurora ! -
E onde estejas serás, eternamente afora
A verdade sublime em que o mundo se irmana.
Em teu verbo solar, a justiça se ufana
De aclarar, consolando o coração que chora,
A fé brilha, o bem salva, a estrada se aprimora
E a vida, além da morte, esplende soberana !...
Escuta a gratidão da Terra... Em toda parte,
A alma do povo freme e canta ao relembrar-te
A presença estelar e a serena vitória.
Gênio, serviste ! Herói, exterminaste as trevas !...
Recebe com Jesus, na glória a que te elevas,
Nosso preito de amor nos tributos da história.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Amaral Ornellas
Amélie
Gabrielle Boudet e Professor Rivail
Wellington
Balbo
As pessoas são sonhadoras no que concerne à relação afetiva.
As histórias em quadrinhos e os desenhos representam com perfeição a ânsia
humana na busca pelo par perfeito.
A Cinderela que se encontra com o príncipe a
vestir-lhe os sapatinhos da felicidade.
A Branca de Neve que dorme no aguardo
do herói que, intrépido, a salva da bruxa malvada.
São sonhos, muitos sonhos…
Todos querem a felicidade e alegria proporcionada pelo
príncipe ou princesa.
Todavia, cogitamos da felicidade para nós, mas, e o
outro?
Será que cogitamos de fazê-lo feliz? Será que buscamos alegrar seus
dias?
Compreender suas limitações e apoiá-lo em suas iniciativas?
Novamente o famoso egoísmo humano a nortear as atitudes.
Cogito de ser feliz, mas não de fazer o outro feliz.
Muitos informam que a
causa de sua infelicidade é o marido ou a esposa, considerando-se algemados
pelo antigo amor, hoje temível carcereiro.
Pedem separação, a convivência está
sufocante.
E saem intrépidos em busca do novo amor, talvez, quem sabe, a alma
gêmea.
Não raro encontram novas decepções, porquanto querem encontrar o outro
não para evoluírem juntos, mas sim para sanar seus dilemas íntimos.
Poucos se atentam para a realidade: nosso objetivo na
peregrinação terrena é a evolução como espíritos imortais que somos.
A
felicidade afetiva e conseqüente harmonia interior no tocante aos sentimentos
está subordinada, principalmente, a nossa postura perante a relação.
Se
procurarmos olhar na mesma direção de quem está do nosso lado teremos dado
grande passo em busca da relação afetiva sadia, sem cobranças descabidas e
ciúmes doentios.
Quando os olhos dos cônjuges estão focados num nobre objetivo
comum, as dificuldades não atrapalham, ao contrário, tornam-se temperos a unir
ainda mais o casal.
Muitos casais depositam a culpa do declínio da relação nos
problemas financeiros.
Nada disso, embora as finanças decaídas possam trazer
apoquentação, nada pode superar o olhar para o mesmo rumo.
E nessa questão que envolve o olhar dos cônjuges na mesma
direção importante salientar a relação de Amélie Gabrielle Boudet e Allan
Kardec.
Nove anos mais velha do que o professor Rivail, Amélie
Boudet esteve em todos os momentos ao lado do marido na tarefa da Codificação
do Espiritismo.
A diferença de idade não atrapalhava, porquanto ambos estavam
com os olhos na mesma direção.
O casal francês também enfrentou problemas
financeiros, mas superaram, os olhos estavam na mesma direção.
Enquanto o
professor Rivail trabalhava na contabilidade de algumas casas comerciais, sua
esposa preparava cursos gratuitos que ambos ministravam em sua própria
residência.
Uma real demonstração de que a missão daquele valente casal estava
ligada indelevelmente à educação.
A tarefa da Codificação Espírita foi espinhosa, Kardec foi
vítima de calunias, mentiras e ingratidões, mas a esposa estava do seu lado.
Ambos evoluíam juntos, apesar das dificuldades da caminhada, olhavam na mesma
direção.
No mundo contemporâneo muitas
relações se deterioram porque há uma inconveniente competição entre o casal.
Discussões infindáveis em que um quer ser melhor, mais capaz, mais inteligente
do que o outro.
Imagine, caro leitor, que um casal, amigos de meus amigos,
separaram-se porque a esposa tem um salário maior que o do marido, e ele,
machista incorrigível não admite tal “afronta”.
Amélie Boudet e seu esposo não
competiam um com o outro, antes se admiravam e por isso apoiavam-se, buscando
juntos a evolução, olhando, portanto, na mesma direção.
Ou encaramos o matrimônio como abençoada oportunidade de
evolução, ou viveremos em constante praça de guerra com nossos “amores”, e se
assim for, é melhor esquecermos o matrimônio e esperar nosso retorno aos Céus
para os braços de nossa alma gêmea.
No entanto, como sabemos que almas gêmeas
no sentido de metades eternas não existem, ficaremos sós, aguardando a
oportunidade de recomeço nos palcos do mundo, para então, quem sabe, aprender a
compreender e encarar o casamento como importante cadinho depurador de nossas
próprias imperfeições.
Pensemos nisso.
Fonte
BALBO, Wellington
. A voz do espiritismo. Disponível em http://www.avozdoespiritismo.com.br/amelie-gabrielle-boudet-e-professor-rivail-por-wellington-balbo
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