58- O BARRO E O OLEIRO
Casimiro Cunha
É um exemplo de bondade o esforço nobre do oleiro, cuja grande atividade tem a base no lameiro muitos sentem aversão por sua tarefa hostil, dedicada, dia e noite, ao barro nojento e vil.
Seu trabalho é quadro rude que a lama invade e não poupa, é barro, por toda a parte no rosto, nas mãos, na roupa.
Seu serviço é tão ingrato junto à massa indefinível, que a tarefa mais parece um sofrimento invencível.
Mas todo barro mais pobre, ao toque do seu amor, fornece os vasos divinos de formosura e valor.
Quanto mais tempo e trabalho, mais triunfa, mais se ufana...
E vemos a lama escura transformada em porcelana.
Além dessas joias raras de sublimes expressões, é o oleiro quem dá corpo ás vossas habitações.
O tijolo faz a casa, a telha cobre a mansão, o homem ganha o seu lar que é templo do coração.
Nas estradas de miséria, não mais éramos que lama, e eis que o Mestre no Evangelho nos esclarece e nos chama.
O Cristo é o Divino Oleiro que opera com perfeição; Somos nós o barro vil, guardado na sua mão.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 15, p.14.
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