2.O EFEITO
DO AMOR
Valérium
O amigo de conhecido espírita, ao vê-lo ardentemente interessado em obras de caridade, admoestou-o, dizendo que ele, não espírita, desistira da beneficência, desde muito.
E alegava
que todos os gestos de bondade que praticara somente haviam encontrado a secura
como resposta.
Sempre
ingratos por toda parte.
O espírita,
no entanto, chamou-o à rua e deu-lhe um osso para que alimentasse um cão, de
passagem.
O amigo,
embora contrafeito, atirou a curiosa vianda para o animal, com marcante
desprezo.
O cachorro
aproximou-se da oferta, abocanhou-a, de leve, e saiu, triste e desconfiado,
rabo entre as pernas.
O espírita
tomou de osso igual para socorrer outro cão esfaimado na via pública.
Entretanto,
mudou de jeito.
Chamou o
animal com carinho humano.
Dirigiu-lhe
palavras amigas.
Alisou-lhe o
pelo.
Afagou-lhe
as orelhas.
E deu-lhe o
bocado com as próprias mãos.
O animal abanou a cauda e permaneceu ao seu lado, contente, a lamber-lhe as mãos.
E ambos os amigos anotavam, admirados, o efeito do amor no gesto beneficente.
*
Estenda, sim, quanto puder, as obras de caridade.
Contudo, ajudando alguém, é preciso saber como você ajuda.
VIEIRA,
Waldo pelo Espírito Valérium. Bem aventurados os simples. Rio de Janeiro:
FEB,10ª ed., 1962,cap.2.
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