De Tocaia
Hilário Silva
Cap. X – Item 3
Luis Borges, denotado tarefeiro da
Causa Espírita, em São Paulo, atravessava calmamente a Avenida São João, na
capital bandeirante, quando foi alvejado por um tiro de revólver,
estabelecendo-se o rebuliço.
Populares e guardas.
Assobios e
exclamações.
Pobre moço desconhecido e armado foi
preso e trazido à presença da vítima.
Borges mostrava-se assustado, mas sereno.
A bala atingira simplesmente o livro que sobraçava de mão encostada ao peito.
E esse livro era O Evangelho segundo o Espiritismo, com que se dirigia a
certa reunião em favor de um enfermo.
– Peço desculpas.
O tiro foi casual –
rogou o jovem, pálido.
Os policiais contudo, retinham-no
furiosos.
Luis Borges, no entanto, buscando a
paz, abriu o volume chamuscado e falou:
– Vejamos a mensagem do Evangelho:
E ante o assombro geral, leu, na página aberta, as belas referências do capítulo X
– Bem-aventurados os que são
misericordiosos:
“Então, aproximando dele, disse-lhe Pedro:
– Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão quando houver pecado contra mim?
Até sete vezes?
“Respondeu-lhe Jesus:
– Não vos digo
que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.”
Quando Borges terminou a ligeira leitura, o moço preso ajoelhou-se na rua e começou a soluçar.
Só então explicou
que ali se achava de tocaia para assassinar o próprio irmão que o havia
prejudicado num processo de herança e prometeu desistir de semelhante propósito
para sempre.
XAVIER, Francisco Cândido; Waldo Vieira Por Espíritos Diversos. Espírito da verdade, cap 88. Jesus Cristo O Divino Pastor e Sua Ovelha: Ilustração Reproduzida da Internet. Arte:fady_bahgat
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