23-A FAZENDA
Casimiro Cunha
O dia vem longe ainda, fulgura o brilho estelar...
Mas nos campos da fazenda é hora de trabalhar.
O dever chama aos serviços da luta risonha e sã, na divina voz das aves que cantam pela manhã.
A tarefa atinge a todos nos roçados, no paiol, tudo expressa movimento precedendo a luz do sol.
Ali, corta-se, acolá dispõe-se de novo a leira, aqui, combate-se os vermes que atacam a sementeira.
Ninguém para. Todos lutam.
Há cantares da moenda, contando a história do açúcar nos caminhos da fazenda.
Entretanto, se o programa é repouso, calma e sono, em breve, a propriedade vive em trevas do abandono.
Serpentes invadem campos, há cipó destruidor, o mato chega às janelas, procurando o lavrador.
Enquanto a enxada descansa esquecida e enferrujada, a casa desprotegida prossegue em derrocada.
Quem não vê na experiência tão simples, tão conhecida, a zona particular nos quadros da própria vida?
Rico ou pobre, fraco ou forte, não te entregues à inação, que a vida é a fazenda augusta guardada na tua mão.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP: Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 23, p.22.
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