Minutos de Paz !

quarta-feira, dezembro 28, 2022

Poema da Gratidão - Amélia Rodrigues

 


Poema da Gratidão

 

Amélia Rodrigues

 

Senhor, muito obrigado...


Pelo ar que nos dás, pelo pão que nos deste, pela roupa que nos veste, pela alegria que possuímos, por tudo de que nos nutrimos...


Muito obrigado pela beleza da paisagem, pelas aves que voam no céu de anil, pelas Tuas dádivas mil..


Muito obrigado, Senhor, pelos olhos que temos...


Olhos que vêem o céu, que vêem a terra e o mar, que contemplam toda beleza...


Olhos que se iluminam de amor ante o majestoso festival de cor da generosa Natureza!


E os que perderam a visão?


Deixa-me rogar por eles ao Teu nobre coração!


Eu sei que depois desta vida, além da morte, voltarão a ver com alegria incontida...


Muito obrigado pelos ouvidos meus, pelos ouvidos que me foram dados por Deus.


Obrigado, Senhor, porque posso escutar o Teu nome sublime e, assim, posso amar...


Obrigado pelos ouvidos que registram a sinfonia da vida no trabalho, na dor, na lida...


O gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro, as lágrimas doridas do mundo inteiro e a voz longínqua do cancioneiro...


E os que perderam a faculdade de escutar?


Deixa-me por eles rogar.


Sei que em Teu Reino voltarão a sonhar...

 

Obrigado, Senhor, pela minha voz, mas também pela voz que ama, pela voz que ajuda, pela voz que socorre, pela voz que ensina, pela voz que ilumina e pela voz que fala de amor, obrigado, Senhor!


Recordo-me, sofrendo, daqueles que perderam o dom de falar e o Teu nome não podem pronunciar.


Os que vivem atormentados na afasia e não podem cantar nem de noite, nem de dia.


Eu suplico por eles sabendo, porém, que mais tarde, no Teu reino voltarão a falar...


Obrigado, Senhor, por estas mãos que são minhas alavancas da ação, do progresso, da redenção...


Agradeço pelas mãos que acenam adeuses, pelas mãos que fazem ternura, e que socorrem na amargura.


Pelas mãos que acarinham, pelas mãos que elaboram as leis pelas mãos que cicatrizam feridas retificando as carnes sofridas balsamizando as dores de muitas vidas!


Pelas mãos que trabalham o solo, que amparam o sofrimento e estancam lágrimas, pelas mãos que ajudam os que sofrem, os que padecem...


Pelas mãos que trabalham nestes traços, como estrelas sublimes fulgindo em meus braços!


E pelos pés que me levam a marchar, ereto, firme a caminhar.


Pés de renúncia que seguem humildes e nobres sem reclamar...


E os que estão amputados, os aleijados, os feridos, os deformados, eu rogo por eles e posso afirmar que no Teu Reino, após a lida dolorosa da vida, hão de poder bailar e em transportes sublimes outros braços afagar...


Sei que a Ti tudo é possível mesmo que ao mundo pareça impossível...

 

Obrigado, Senhor, pelo meu lar, o recanto de paz ou escola de amor, a mansão da glória...


Obrigado, Senhor, pelo amor que eu tenho e pelo lar que é meu...


Mas, se eu sequer nem um lar tiver ou teto amigo para me aconchegar nem outro abrigo para me confortar...


Se eu não possuir nada, senão as estradas e as estrelas do céu, como leito de repouso e o suave lençol, e ao meu lado ninguém existir, vivendo e chorando sozinho ao léu sem alguém para me consolar...


Direi ainda: Obrigado, Senhor porque Te amo e sei que me amas, porque me deste a vida jovial, alegre, por Teu amor favorecida...


Obrigado, Senhor, porque nasci...


Obrigado porque creio em Ti e porque me socorres com amor, hoje e sempre, obrigado, Senhor!

 

FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Amélia Rodrigues. Livro Sol de Esperança.

 

 


O poema de Gratidão, é antes de tudo, uma prece de agradecimento a Deus.


É o ser humano, expressando esse sentimento de forma bela e poética.

  

Ressalta com muita beleza, os atributos do espírito imortal, a se refletir no hoje e o quanto podem ser úteis, produzindo no campo do Bem e do Amor.

 

Evidencia que as mãos, em ações altruísticas e no trabalho edificante, são propulsoras do progresso e da evolução.

 

E, sobretudo, um hino magnífico, que exalta a reencarnação, abrindo perspectivas de esperança, de novas e sucessivas etapas através dos tempos, nas quais, os que sofrem, encontrarão a recompensa merecida.

 

Essa bela oração gratulatória do espírito Amélia Rodrigues, foi psicografada por Divaldo P. Franco, em Buenos Aires, Argentina, em 21 de Novembro de 1962, que passou a apresentá-la ao finalizar as suas palestras.

 

No momento de encerramento, quando Divaldo pronuncia as primeiras frases do poema, unem-se os pensamentos e vibrações do público presente e, como um majestoso concerto, seus acordes repercutem harmoniosamente, levando a mensagem de gratidão a Deus pela amplidão afora.


Suely Caldas Schubert


domingo, dezembro 25, 2022

JESUS - Emmanuel

 


JESUS

 


Emmanuel

 

 

Com o nascimento de Jesus, há como que uma comunhão direta do Céu com a Terra. 



Estranhas e admiráveis revelações perfumam as almas e o Enviado oferece aos seres humanos toda a grandeza do seu amor, da sua sabedoria e da sua misericórdia.



Aos corações abre-se nova torrente de esperanças e a Humanidade, na Manjedoura, no Tabor e no Calvário, sente as manifestações da vida celeste, sublime em sua gloriosa espiritualidade.



Com o tesouro dos seus exemplos e das suas palavras, deixa o Mestre entre os homens a sua Boa-Nova. 



O Evangelho do Cristo é o transunto de todas as filosofias que procuram aprimorar o espírito, norteando-lhe a vida e as aspirações.



Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personificação de sua bondade infinita.




XAVIER, Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel. Antologia Mediúnica do Natal, Espíritos Diversos.

sábado, dezembro 24, 2022

O GRANDE DOADOR - André Luiz

 




O GRANDE DOADOR

 

 

André Luiz


 

Ele não era médico e levantou paralíticos e restaurou leprosos, usando o divino poder do amor.



Não era advogado e elegeu-se o supremo defensor de todos os injustiçados do mundo.


    Não possuía fazendas e estabeleceu novo reino na Terra.


    Não improvisava festas e consolou os tristes e reergueu o bom ânimo      das almas desesperadas.


    Não era professor consagrado e fez-se o Mestre da Evolução e do            Aprimoramento da Humanidade.


Não era Doutor da Lei e criou a universidade sublime do bem para todos os espíritos de boa vontade.


Padecendo amarguras – reconfortou a muitos.


Tolerando aflições – semeou a fé e a coragem.


 Ferido – curou as chagas morais do povo.


Supliciado – expediu a mensagem do perdão e do amor, em todas as direções.


Esquecido pelos mais amados – ensinou a fraternidade e o  reconhecimento.  


Vencido na cruz – revelou a vitória da vida eterna em plena e gloriosa ressurreição, renovando os destinos das nações e santificando o caminho dos povos.


Ele não era, portanto, rico e engrandeceu os celeiros dos séculos.


Quem oferecer, assim, o coração, em homenagem ao Divino Amor na Terra, poderá, desse modo, no exemplo de Jesus, embora anônimo, aflito, apagado ou crucificado, atender à santificada colaboração com Deus, a benefício da Humanidade.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito André Luiz. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos.



sexta-feira, dezembro 23, 2022

ENCONTRO DE NATAL - Meimei

 



ENCONTRO DE NATAL

 

 Meimei



 

Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção...


 

Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo.



Entretanto, misturada ao regozijo que te acalenta a esperança, carregas a névoa sutil de recôndita angústia, como se trouxesse no peito um canteiro de rosas orvalhado de lágrimas!...



 É que retratas no espelho da própria emoção o infortúnio de tantos outros companheiros que foram inutilmente convidados para a consagração da alegria. 



Levantaste no lar a árvore da ventura doméstica, de cujos galhos pendem os frutos do carinho perfeito; 



entretanto, não longe, cambaleiam seguidores de Jesus, suspirando por leve proteção que os resguarde contra o frio da noite;



banqueteiaste, sob guirlandas festivas, mas, a poucos passos da própria casa, mães e crianças desprotegidas aguardando o socorro do Cristo, enlanguescem de fadiga e necessidade; 



repetes hinos comovedores, tocados pela serena beleza que dimana dos astros;



no entanto, nas vizinhanças, cooperadores humildes do Mestre choram cansados de penúria e aflição;



abraças os entes queridos, desfrutando excessos de reconforto;



contudo, à pequena distância, esmorecem amigos de Jesus, implorando quem lhes dê a bênção de uma prece e o consolo de uma palavra afetuosa, nas grades dos manicômios ou no leito dos hospitais...



 Sim, quando refletes na glória da Manjedoura, sentes, em verdade, a presença do Cristo no coração!



 Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, através do eterno amor que se derramou das estrelas.



Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!...




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Meimei. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos.

 

quinta-feira, dezembro 22, 2022

Faxina de Natal - Autor Desconhecido

 


Faxina de Natal


Estamos em um período em que as pessoas se preocupam em limpar e enfeitar suas casas para o Natal.


Mas é muito mais do que isso.


É um período em que devemos fazer faxina também em nossas almas e nossos corações.


Tirar a poeira e teias de aranha da casa, enquanto tiramos os maus sentimentos de nossos corações: ódio, mágoa, ressentimento, inveja, egoísmo…


Afastar os móveis para fazer a limpeza, e também afastar atitudes negativas como pré-julgamento, rejeição, condenação, críticas, grosseria, mentiras, maledicência, avareza, cinismo…


Limpar as janelas e limpar também o olhar, para realmente ver as pessoas à sua volta e prestar atenção aos sentimentos delas e às suas necessidades.


Terminada a limpeza, aí sim iniciar a decoração.


Encher o coração de amor, ternura, respeito, compaixão e carinho.


Encher-se de atitudes positivas como acolhimento, gentileza, generosidade…


Tentar transmitir às pessoas, próximas ou distantes, sentimentos como autoestima, confiança, paz…


Então, quando o dia de Natal chegar, estaremos preparados para dizer: pode entrar, seja bem-vindo, Senhor Jesus!


Autor Desconhecido

DIVINA SUPRESA - Maria Dolores

 


DIVINA SUPRESA

 

Maria Dolores

 

Alma fraterna e boa,

Se o impulso da prece te abençoa,

Quando queiras orar,

Buscando segurança no Senhor, 

Faze em qualquer lugar

O teu louvor ou a tua petição!...

 


A Terra inteira é um templo

Aberto à inspiração

Que verte das Alturas,

Mas, se quiseres encontrar

O mestre que procuras,

Atende, alma querida!...

Desce ao vale de lágrimas da vida,

 


A imensa retaguarda

Onde o consolo tarda...

Ouve a dor da penúria e o pranto da viuvez,

Volve à sombra das margens do caminho

E estende o braço forte

Aos que vagam sem norte,

Na saudade do lar que se desfez!...

 


Escuta os que se vão

À noite, ao frio e ao vento, 

Sem poderem contar o próprio sofrimento, 

Famintos de carinho e compreensão...

 


Pára e abraça a criança

Que o desprezo consome

E a doença extermina,

Pára e ausenta a nudez, a febre e a fome    

Dessa flor pequenina!

 


Ouve o coro do enfermo que não tem

Senão pó, lama e lágrimas por leito     

E, à guisa de aposento, um canto estreito    

Na terra de ninguém.

 

        

Atentamente, anota em torno os brados

De quem conhece a mágoa no apogeu,       

Os tristes corações despedaçados 

Que a calúnia venceu...

        


Vais onde exista aflição,

Oferecendo a cada sofredor

Uma bênção de amor,

E, aí, surpreenderás um divino clarão   

Que, dúlcido, irradia

Paz, bondade, alegria...

Em meio dessa luz,

Escutarás Jesus,

Enternecidamente,

A dizer-te no fundo da alma carente:

 


- Alma querida vem!...

 Ouço-te a voz na prece, em qualquer parte,

Devo, entanto, esperar-te     

Na seara do bem.

Chamaste-me, decerto,

Para saber que Deus ama e compreende em ti!...

Buscavas-me tão longe e aguardo-te tão perto...

Alma boa, eis-me aqui!...

 


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Maria Dolores. Antologia Mediúnica do Natal. Autores Diversos.

 

quarta-feira, dezembro 21, 2022

PRECE DO NATAL - Emmanuel

 


PRECE DO NATAL


 

 Emmanuel


 Senhor Jesus!...


Recordando-te a vinda, quando Te exaltaste na manjedoura por luz nas travas, vimos pedir-te a bênção.



Releva-nos; se muitos de nós trazemos saudade e cansaço, assombro e aflição, quando nos envolver em torrentes de alegria.



Sabes, Senhor, que temos escalado culminâncias... 



Possuímos cultura e riqueza, tesouros e palácios, máquinas que estudam as constelações e engenhos que voam no Espaço! 



Falamos de Ti – de Ti que volveste dos continentes celestes, em socorro dos que choram na poeira do mundo, no tope dos altos edifícios em que amontoamos reconforto, sem coragem de estender os braços aos companheiros que recolhias no chão...



Destacamos a excelência de teus ensinos, agarrados ao supérfluo, esquecidos de que não guardaste uma pedra em que repousar a cabeça;



e, ainda agora, quando Te comemoramos o natalício, louva-Te o nome, em torno da mesa farta, trancando inconscientemente as portas do coração aos que se arrastam na rua!



Nunca tivemos, como agora, tanta abastança e tanta penúria, tanta inteligência e tanta discórdia! 



Tanto contraste doloroso, Mestre, tão só por olvidarmos que ninguém é feliz sem a felicidade dos outros...



Desprezamos a sinceridade e caímos na ilusão, estamos ricos de ciência e pobres de amor. 



É por isso que, em Te lembrando a humildade, nós Te rogamos para que nos perdoes e ames ainda... 



Se algo Te podemos suplicar além disso, desculpa o nada que Te ofertamos, em troca do tudo que nos dás e faze-nos mais simples!...



 Enquanto o Natal se renova, restaurando-nos a esperança, derrama o bálsamo de tua bondade sobre as nossas preces, e deixa, Senhor, que venhamos a ouvir de novo, entre as lágrimas de júbilo que nos vertem da alma, a sublime canção com que os Céus Te glorificam o berço de palha, ao clarão das estrelas:


 - Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!


 XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Antologia Mediunica do Natal. Espíritos Diversos.

 


terça-feira, dezembro 20, 2022

Jesus Vem a Terra no Natal - Gerson Simões Monteiro


 


Jesus Vem a Terra no Natal


Gerson Simões Monteiro

 

“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei”.


Esse convite de Jesus há mais de dois mil anos mantém a nossa esperança nos momentos difíceis que passamos neste mundo.

 

Quantas vezes buscamos a presença amorosa do Cristo na hora da dor, e Dele sempre recebemos forças para carregar a cruz com ânimo e coragem.


*

Independente desse convite, segundo Chico Xavier, Jesus vem a Terra, entre 23 horas do dia 24 e uma hora do dia 25 de dezembro, quando comemoramos o natalício Dele.

 

Segundo Chico, muitos Espíritos se preparam durante dez anos para acompanhar o Mestre nessa peregrinação, recolhendo criaturas anônimas na desencarnação, como a registrada pelo poeta Cornélio Pires, publicada no livro Antologia mediúnica do Natal.

 






Eis a poesia recebida por Chico Xavier, intitulada Natal de Maria:

 

“Noite... Natal!... Na hora derradeira,

 

Sozinha num brejão, com sede e fome,

 

Morre jogada à febre que a consome.

 

A velhinha Maria Cozinheira...

 

Lembra o Natal dos tempos de solteira,

 

Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,

 

Mas, de repente, vê que tudo some,

 

Está livre do corpo e da canseira!..

 

 Ouve cantos no céu que se descerra:

 

— "Glória a Deus nas alturas!... Paz na Terra...

 

 Maria, sem querer, sobe espantada...

 

Nisso, irrompe do Azul divina estrela...

 

Alguém surge!... É Jesus a recebê-la

 

 No sublime clarão da madrugada”.


*



 

Outra de Cornélio Pires, Despedida de Vital:

 

“Lua cheia... Na choça a que se apega,

 

 Morre Vital, velhinho, olhando o morro...

 

 Por prece, escuta a arenga do cachorro,

 

Ganindo nas touceiras da macega.

 

Pobre amigo!...

 

Agoniza sem socorro,

 

Chora lembrando o milho na moega...

 

Oitenta anos de lágrimas carrega

 

Na carcaça jogada ao chão sem forro.

 

 

Suando, enxerga um moço na soleira.

 

“ Eu sou leproso...”— avisa em voz rasteira,

 

Mas diz o moço, envolto em luz dourada:

 

“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”

 

“ E o velho sai das chagas de mendigo

 

 Para um carro de estrelas da alvorada”.

 

Numa dessas visitas ao nosso mundo no dia de Natal, Jesus acolheu a alma de Mariazinha, menina que morreu com fome, cansada e doente, estirada numa calçada de uma cidade brasileira.

*

Ao assistir a esse fato na vida espiritual, a poetisa cearense Francisca Clotilde fez a sua narrativa em versos pela mediunidade de Chico Xavier, sob o título “Conto de Natal”, publicado no livro Antologia Mediúnica do Natal.

 

Gerson Simões Monteiro


 



Conto de Natal

Francisca Clotilde Barbosa Lima

 

A noite é quase gelada.

 

Contudo, Mariazinha

 

É a menina de outras noites

 

Que treme, tosse e caminha...

 

Guizos longe, guizos perto...

 

É Natal de paz e amor.

 

Há muitas vozes cantando:

 

– “Louvado seja o Senhor!”

 

A rua parece nova

 

Qual jardim que floresceu.

 

Cada vitrina enfeitada

 

Repete: “Jesus nasceu!”

 

Descalça, vestido roto,

 

Mariazinha lá vai...

 

Sozinha, sem mãe que a beije,

 

Menina triste sem pai.

 

Aqui e ali, pede um pão...

 

Está faminta e doente.

 

– “Vadia, saia depressa!”

 

É o grito de muita gente.

 

– “Menina ladra!” – outros dizem.

 

– “Fuja daqui, pata feia!

 

Toda criança perdida

 

Deve dormir na cadeia.”

 

Mariazinha tem fome

 

E chora, sentindo em torno

 

O vento que traz o aroma

 

Do pão aquecido ao forno.

 

Abatida, fatigada,

 

Depois de percurso enorme,

 

Estira-se na calçada...

 

Tenta o sono, mas não dorme.

 

Nisso, um moço calmo e belo

 

Surge e fala, doce e brando:

 

– Mariazinha, você está dormindo

 

ou pensando?

 

 

A pequenina responde,

 

Erguendo os bracinhos nus:

 

– Hoje é noite de Natal,

 

Estou pensando em Jesus.

 

– Não lhe lembra mais alguém?

 

Ela, em lágrimas, disse:

 

– Eu penso também, com saudade,

 

Em minha mãe que morreu...

 

– Se Jesus aparecesse,

 

Que é que você queria?

 

– Queria que ele me desse

 

Um bolo da padaria...

 

 

Depois de comer, então –

 

e a pobre sorriu contente –

 

Queria um par de sapatos

 

E uma blusa grande e quente.

 

Depois... queria uma casa,

 

Assim como todos têm...

 

Depois de tudo... eu queria

 

Uma boneca também...

 

– Pois saiba, Mariazinha,

 

Eu lhe digo que assim seja!

 

Você hoje terá tudo

 

Aquilo que mais deseja.

 

– Mas, o senhor quem é mesmo!

 

E ele afirma, olhos em luz:

 

– Sou seu amigo de sempre,

 

Minha filha, eu sou Jesus!...

 

Mariazinha, encantada,

 

Tonta de imensa alegria,

 

Pôs a cabeça cansada

 

Nos braços que ele estendia...

 

E dormiu, vendo-se outra,

 

Em santo deslumbramento,

 

Aconchegada a Jesus,

 

Na glória do firmamento.

 

No outro dia, muito cedo,

 

Quando o lojista abriu a porta,

 

Um corpo caiu, de leve...

 

A menina estava morta.

 

Obs: Segundo informações do médium Francisco Cândido Xavier este fato ocorreu na cidade de Fortaleza/CE.

 

XAVIER, Francisco Cândido ; VIEIRA, Waldo . Antologia Mediúnica do Natal . Espíritos Diversos.


FONTE

MONTEIRO, Gerson Simões. Disponível em <https://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/gerson-monteiro/jesus-vem-terra-no-natal-3287675.html>. Acesso : 24 NOV 2022.