Minutos de Paz !

domingo, outubro 31, 2021

9 ASSUNTO DE PAIXÃO - Cornélio Pires

 


9 ASSUNTO DE PAIXÃO

Cornélio Pires 


Você deseja notícias,

Meu caro Juca Simões,

Sobre o que existe no Além

Ante a luta das paixões.


O assunto do seu pedido,

Quanto ao que busca saber,

É tão fácil de sentir,

Tão difícil de escrever!...


Reconhecemos: o amor

É luz em todo ser vivo,

Mas quando vira paixão

É processo obsessivo.


Há paixões de toda espécie,

Por encargos, por dinheiro,

Por mando, posse, vingança,

Rolando no mundo inteiro.


Mas a paixão propriamente

É aquele calor que surge

É aquele calor que surge

Por labareda do amor.


No começo é uma faísca,

Com clarão vago e miúdo,

Depois é fogo crescendo,

Incêndio que arrasa tudo.


A pessoa nessa prova

Vagueia tonta e insegura,

Pode enrolar-se no crime,

Quanto cair na loucura.


Veja a tragédia de Alvina,

Apegou-se ao Filomeno,

O moço quis Nominata,

Alvina foi-se a veneno.


Eugênio amava Tintina,

Tintina escolheu Jão Massa,

Só por isso o pobre Eugênio

Vive hoje de cachaça.


Contrariado no amor,

Dedicado à Gabriela,

Excitado, o Longimano,

Deu dois tiros no pai dela.


Você recorda decerto,

O nosso Quinquim da Areia,

Matou Ziziu por ciúme

E afundou-se na cadeia.


Recusado por Tininha,

Irvalmo arrasou Clemente,

Depois disso, exasperado,

Enloqueceu de repente.


Outra cousa, veja esta:

Nessas mortes por paixão

Aparece grande parte

Dos casos de obsessão.


Ninita por desprezar,

Matou Gil de Saramenha,

Mas sem corpo Gil a segue

Como fogo atado à lenha...


Sertório morreu aos poucos,

Envenenado por Zuma,

Sertório desencarnado

Não a deixa hora nenhuma.


Joana desfez-se de Antero

Para entregar-se ao Fontana,

Mas o espírito de Antero

Vive ligado com Joana.


Segundo todos sabemos

Cada qual vive por si,

Cuidado !... Foge à paixão

Que a paixão é isso aí...


Se você gosta de alguém,

Recorde: amor não reclama,

Não prende, nem sacrifica

E ampara sempre a quem ama.


Não procure ser amado

Ame e abençoe por dever,

Mantenha sinceridade

E deixe a vida correr.


Paixão é cousa da sombra,

Dor que a si própria maldiz,

Mas o amor é luz de Deus,

Amor é a vida feliz.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Cornélio Pires. Retratos da vida. Cap.9.

sábado, outubro 30, 2021

Dia 30 de Outubro : Singela Homenagem ao Meu Pai

 


Singela Homenagem ao Meu Pai



Hoje dia 30 de outubro é uma data que toca profundamente o nosso coração e nos remete a profundas reflexões sobre a nossa vida.


Nesta data meu pai estaria  comemorando mais um aniversário natalício, um Espírito muito alegre , caridoso e amoroso com quem tivemos o privilégio de conviver e a quem agradecemos pela oportunidade reencarnatória juntamente com minha mãe . Minha saudosa irmã sempre dizia: " Papai é um Espírito tão alegre, que nada o derruba". SEu otimismo e entusiasmo, eram contagiantes.


Papai foi muito especial na nossa vida, sempre muito presente, carinhoso, deixando muitas marcas de luz no nosso coração e para ele enviamos nossa eterna gratidão.


Nos deixou  precocemente, cumprindo sua missão sempre de forma tão afetuosa, deixando um lastro de amor e de alegria, em quem teve o privilégio de com ela conviver, embora nem todos tiveram o mesmo alcance.


Não posso afirmar que sua vida tenha sido fácil, sempre rodeada de desafios que lhe foram impostos pelas circunstâncias. 


Em nossas orações pedimos a Deus e aos benfeitores espirituais que ele  tenha se libertado de pesados grilhões e possa ascender a novas oportunidades mais amenas. 


Nesta data pedimos a Deus que  receba o nosso carinho e eterna gratidão por haver feito parte de nossa história na presente encarnação e quiçá nas anteriores.






Que Jesus permita que essas rosas, que ele tanto admirava,  cheguem ao seu coração , como flores espirituais impregnadas de votos  de Alegria, Paz e de muito Progresso Espiritual , sob as bênçãos de Deus!






As mãos de meu pai

 Mário Quintana


As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já da cor da terra


– como são belas as tuas mãos


pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos…


Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.


E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta,


uma luz parece vir de dentro delas…


Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo,


como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?


Ah, como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos!


E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas…


essa chama de vida – que transcende a própria vida…


e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

 

QUINTANA, Mário. Poema publicado originalmente no livro Esconderijos do Tempo, retirado de Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 491.


8 LAÇOS REDENTORES - Cornélio Pires

 


8 LAÇOS REDENTORES

Cornélio Pires


(Resposta a um amigo que nos questionou, com relação à ofensa e ressentimento.) - Nota do autor


Ressentimento não vale.

A justiça não se atrasa

E a lei da Reencarnação

Atua dentro de casa.


Olhe o caso de Cristina,

Envenenou João Gamela,

Mas João, depois de algum tempo,

Renasceu... E é filho dela.


Embora a morrer em sangue,

Neca abateu Genserico;

Hoje são gêmeos em luta

Na roça do Tico-Tico.


Furtando-lhe sítio e casa,

Quinquim matou Rui da Venda,

Mas Rui nasceu neto dele,

A fim de herdar-lhe a fazenda.


Quintino arrasou Gregório

Com bebida numa festa...

Gregório voltou a ele,

E o caçula que o detesta.


Em não querê-la por nora,

Teotônio acabou com Lica,

Vejo a moça reencarnada:

E a neta que o prejudica.


Nina induziu Vaz à morte,

Suicídio triste sem causa,

Hoje ele é o filho doente

Que ela carrega sem pausa.


Lula matou Antônio,

Simples paixão de mulher...

Mas Antônio renasceu...

É o filho que não a quer.


Téo levou Juca ao suicídio.

Eis que o tempo vem e vai.

Juca hoje é o filho dele,

Um filho que odeia o pai.


A Terra lembra hospital

Se a vemos de ânimo atento,

Levantam-se muitos lares

Por celas de tratamento.


Ressentimento, desforra,

Não adiantam, rapaz,

A vida cobra com juros

As contas que a gente faz.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Cornélio Pires. Retratos da vida. Cap. 8.

sexta-feira, outubro 29, 2021

7 ASSUNTO ENTRE AMIGOS - Cornélio Pires

 



7 ASSUNTO ENTRE AMIGOS


Cornélio Pires


Recebi o seu bilhete,

Meu caro Juca Vilaça.

Pede você que lhe escreva

Algo mais sobre a cachaça.


Explica você: “Cornélio,

Abra o caso mais a fundo,

Fale mais dos resultados

Quanto à pinga no outro mundo.”


Você tem razão. A pinga,

Por mais que a verdade doa,

Sem controle que a governe,

Arrasa qualquer pessoa.


Além de ser forte agente

Da obsessão tal e qual,

Provoca desequilíbrio

No corpo espiritual.


Prejudica e desfigura

Muito mais do que se pensa,

Cachaça, por si, carrega

Tristeza, inércia, doença...


Em qualquer parte onde surja,

Lembra sempre, em qualquer clima.

Enxurrada morro abaixo

Ou fogo de morro acima.


Muito difícil contê-la

Quando segue de arrastão

Porque mergulha a cabeça

Em sombra ou destruição.


Você recorda o Pereira

Da Mata do Xique-Xique...

Desencarnado, ele mora

Numa beira de alambique.


Morreu de tanto beber

Nhô Totico da Água Santa;

Hoje, sem corpo, anda à caça

De quem lhe empreste a garganta.


Rafael foi-se em bebida,

— O pobre do nosso Rafa, —

E agora em vida diversa

Só pensa em copo e garrafa.


Daqui, vejo, rua em rua,

Sem rumo em que se comande,

Nosso Ercílio do copinho

Que tombou em litro grande.


Embriagada vivia

Dona Quiquita Borela...

Depois da morte procura

Quem tome pinga com ela.


Uma história das mais tristes

A do nosso Chico Souza...

Perdendo o corpo em ressaca,

Não se lembra de outra cousa.


Largando o mundo, aos copásios,

Nhô Bernardo do Lajão,

Continua, após a morte,

Na mesma perturbação.


Cachaça, meu caro amigo,

Tem este traço comum:

Estraga de qualquer modo

A mente de qualquer um.


Em muito caso de angústia,

Nas provas justas da vida,

Muito suicídio e loucura

São do excesso de bebida.


Nas festas e cerimônias

Não se canse de aprender

A arte de alçar o copo

Nobre e firme sem beber.


Pinga ajuda o coração?...

Disso há gente que se gabe,

Mas se cachaça é remédio

A medicina é que sabe.


Quanto a nós, recorde o aviso

Do nosso Nico Belém:

—“Água que gato não bebe

Não auxilia a ninguém.”


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Cornélio Pires. Retratos da vida.Cap. 7.

 

quinta-feira, outubro 28, 2021

6 QUESTÃO DE COMIDA - Cornélio Pires

 


6 QUESTÃO DE COMIDA


Cornélio Pires


Você procura saber,

Meu caro Afrânio Caçula,

O que sucede no Além

Com quem se estraga na gula.


Parece problema simples

A questão que você traz

E nela há muita questão

De vida, saúde e paz.


Você sabe, caro irmão,

Viver de fome é impossível.

Tudo o que anda e trabalha

Precisa de combustível.


Note a lição do automóvel:

O carro, seja qual for,

Se move é com gasolina

Dosada para o motor.


A roseira por mais linda

Acaba mofina e tonta,

Quando sente na raiz

Adubo acima da conta.


Assim também a pessoa

Por mais robusta e mais forte,

Se come quanto não deve

Procura doença e morte.


A gula sempre estrangula

A paz de qualquer irmão,

Conversando, além de tudo,

A sombra da obsessão.


Recorde: comia tanto

O nosso Quinquim Peixoto

Que acordou no próprio enterro,

Buscando restos de esgoto.


Tanto abusava de peixe

O amigo Teotônio Pio,

Que vive depois de morto

Lançando rede no rio.


Andava de prato grande

Nhô Juca do Alagadiço,

Agora desencarnado

Tornou-se papa-chouriço.


Aquela morte esquisita

De Dona Rita da Estaca?

Foi gula... Morreu comendo

Veneno de jararaca.


Outra morte... a de Antonico

Na Fazenda Nazaré,

Foi pesada indigestão

Com carne de jacaré.


Morreu comendo bichinhos

Nhô Nico Boaventura,

Sem corpo vive caçando

Farofa de tanajura.


Nhô Silvino, de repente

Morreu no Sítio da Sobra,

Comera de siriema

Que havia comido cobra.


Comia tanto, mas tanto

Juquinha Paraguassu,

Que hoje desencarnado

Só pensa em frango e tutu.


Nem gordura nem magreza

Turvam a vida no Além,

Cada qual anda na Terra

Conforme o corpo que tem...


Mas a comida em excesso

Por hábito inveterado

É tormento doloroso

Que dá problema e cuidado.


Viva muito e coma pouco

Na paz que nos endireite,

Nem na montanha do açúcar,

Nem na cisterna do azeite.


Há muita gente na Terra

De prato pesado e fundo

Que acampa no necrotério

E volta aos pratos do mundo.


Não se alarme no que digo,

Por estas linhas gerais,

Coma sempre o que precise

É só não comer demais.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Cornélio Pires. Retratos da vida. Cap. 6.