Jesus de Nazaré
A Bíblia diz que Ele nasceu em Belém (Mateus 2.1; Lucas 2.4), mas todos o chamavam de Jesus de Nazaré.
Só que havia muita opinião negativa sobre a cidade em que Jesus vivia: João 1.46 diz: “Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”
Pois já no AT se fala mal da Galiléia na citação do profeta Isaías: Mateus 4.15 diz: “Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios!”
Isaías diz em Isaías 9.1: “Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios”.
Se olharmos para o Evangelho de Marcos veremos que ele não fala uma palavra sobre o nascimento de Jesus.
Marcos 1.1-4: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas; apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados”.
Marcos está interessado em falar da ressurreição de Jesus, como também os demais Evangelhos, e não está interessado no nascimento de Jesus, que é uma preocupação posterior, por ser o primeiro Evangelho a ser escrito.
O Evangelho de João também fala de forma diferente do nascimento de Jesus.
João 1.1-2: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus”. Jesus é Deus porque já estava com Deus desde a criação do universo. Jesus é a encarnação de Deus. Deus se fez pessoa em Jesus.
E em João 1.14-15 diz: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (eskhnwsen [eskénosen] = armou tenda), cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim.”
Mateus 2.1-2 diz: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém.
E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo”. A tradição elevou os magos para reis, mas são apenas magos.
Além de filho bastardo Jesus era um camponês sem terra, sem teto, migrante, pobre, galileu de Nazaré (João 1.46: Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?), vivia na margem da sociedade (Galiléia) e profeta (Mateus 21.11: E as multidões clamavam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia!).
Marcos 6.3 diz: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele”.
A palavra tektwn - tekton (Mt 13.55): conforme o dicionário grego têm vários significados: 1) artífice em madeira, carpinteiro, marceneiro, construtor; 2) qualquer artesão ou trabalhador braçal; 2a) a arte da poesia, produtor de canções; 3) projetador, planejador, conspirador; em Mateus 27.38 diz: “E foram crucificados com ele dois ladrões [lhstai], um à sua direita, e outro à sua esquerda”: lhstai - lestai = ladrão, saqueador, flibusteiro, rebelde.
Em Mateus 6.20 quando fala de ladrões menciona a palavra: kleptai [kleptai] = ladrões (mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões (kleptai) não escavam, nem roubam).
Para designar ladrões, estes que assaltam casas e pessoas, se usa dois termos diferentes no grego: kleptai [kleptai] e lhstai – lestai no sentido zelota. Para os exegetas lhstai – lestai, aqui significa rebeldes, que eram os zelotas e sicários que atacavam os romanos os roubavam e os matavam como forma de luta contra Roma, eram uma espécie de guerrilheiros e não apenas simples ladrões (kleptai).
Diz em Marcos 15.7: “Havia um, chamado Barrabás, preso com amotinadores, os quais em um tumulto haviam cometido homicídio”.
O termo ‘amotinadores’ no original diz: sustasiasthv - sustasiastes = companheiro em insurreição, colega de motim.
Jesus foi crucificado no meio de dois destes, por ser equiparado a eles e condenado por crimes conforme Lucas 23.1-7 onde podemos ler as acusações que Jesus recebeu: disseram que Jesus estava:
1. pervertendo a nação – fazendo subversão da ordem estabelecida. – crime político
2. proibindo pagar tributo a César - é um crime contra a economia e a sobrevivência do Estado. – crime econômico
3. dizendo ser ele o Cristo – é um crime contra a religião judaica. – crime religioso
4. dizendo ser rei – é um crime político, pois o único rei era César em Roma ou algum rei fantoche como Herodes que estava fazendo serviço sujo de Roma na Palestina. – crime político
5. disseram que Jesus alvoroça o povo – é um crime político e social que cria a instabilidade política pela agitação.
6. disseram ainda que Jesus estava ensinando desde a Galiléia até Jerusalém - crime político-ideológico de subversão da ordem e do pensamento estabelecido pelo Templo e por Roma.
Texto disponível em <www.corjesu.org.br/.../homep/home.asp?id=231>
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