Nosso Mestre
Momento Espírita
Conta-se que um escritor americano, que empreendeu longa viagem pela Europa, hospedou-se, certa vez, em um hotel norueguês, por vários dias.
À semelhança dele, outros tantos hóspedes ali se detinham há semanas. Como no grande salão de entrada existisse um piano, era comum que as pessoas a ele se dirigissem e executassem, a horas soltas do dia, peças musicais brilhantes, fossem de compositores consagrados ou de sua própria inspiração.
Entre tantos, uma menininha havia que, tão logo os adultos abandonassem o teclado, sentava-se na banqueta e tentava imitá-los, desejando igualmente agradar aos ouvidos presentes.
Porque ignorava os recursos da harmonia, não conseguia senão repetir, todos os dias, a mesma pequena peça musical, despida de variações e desdobramentos.
A quem ouvisse, aquilo era monótono e, principalmente, porque ela insistia em retomar o mesmo ditado musical repetidas vezes.
A princípio, os hóspedes a toleravam por ser criança e por ser principiante. Mas, a sua pouca técnica na execução foi cansando a todos.
Assim, quando ela se punha ao piano, rapidamente a sala se tornava deserta.
Certo dia, chegou ao hotel o grande compositor alemão Jorge Frederico Haendel. Notando que os hóspedes fugiam, mal a criança iniciava seu desalinhado concerto, magoou-se com a irreverência deles.
Sentou-se ao lado da menina e retomou o mesmo tema que ela não conseguia desenvolver, transformando a rudeza da execução numa balada encantadora.
Enfeitou a peça musical com variações tão belas que logo a sala se tornou repleta.
Todos, sem exceção, passaram a se acotovelar tentando aproximar-se o mais possível do genial artista.
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Como o grande maestro da Capela do Duque de Chandos, Jesus é o Mestre que Se aproxima de nós e Se senta ao nosso lado, frente ao instrumento das nossas vidas.
Tomando das notas dos nossos atos e desacertos em desarmonia, transforma-as em sinfonias de sutil beleza.
Quando nos permitimos ouvir-lhe a musicalidade dos ensinos, repleta-se a sala dos nossos corações com o bem e, mesmo que sigamos a sós, jamais estaremos em solidão, que é o estado íntimo, denotando enfermidade do Espírito.
Jesus retira de nossas falhas motivos renovados de aprendizado e progresso, multiplicando a nossa herança de filhos de Deus, herdeiros do Universo.
Permitamos, pois, que o Divino Amigo execute em nossas vidas a balada do amor, a sinfonia da esperança, o concerto da paz a fim de que, aprendendo pela execução repetida, nos tornemos excelentes artistas, influenciando o mundo com a musicalidade do nosso ser.
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A música faz crescer ou decrescer a frequência das batidas do coração; ativa ou reduz a energia muscular; acelera ou reduz a respiração; atua sobre a mente.
De tudo isso se deduz a importância de ouvir música adequada e, de forma especial, em momentos como os do trabalho e da alimentação.
No Além túmulo, os Espíritos também prosseguem apreciando a música.
Naturalmente, conforme o grau evolutivo são as preferências musicais.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O grande maestro, do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Conquista.
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