Ano Novo , Ano Novo
Divaldo Pereira Franco
O Calendário terrestre, na sua implacável tarefa de medir os tempos, anuncia a chegada de um novo período, que se repete inexoravelmente na sucessão das horas.
Cada ciclo é celebrado, desde há muito, quando se começou a contar a sucessão dos dias, como portador de fortuna e de bênçãos que preencherão os vazios do anterior, ou produzirão resultados benéficos de todos os esforços que não foram conseguidos anteriormente.
Festas, cultos religiosos, programas recreativos e promessas de felicidade sempre são estabelecidos qual se a mão mágica do destino alterasse a ordem e o ritmo dos acontecimentos, abençoando todos indivíduos.
Despede-se do velho ano, como sendo algo que deve ficar no seu lugar no passado e investe-se com todo o empenho na realização dos prazeres e alegrias das futuras experiências programadas com exaltação e brilho.
Faz-se promessas de renovação de conduta, de conquista de plenitude como se tudo dependesse da emoção e do desconhecimento a respeito do futuro.
À medida que os dias surgem e passam, vão ficando no olvido as ilusões programadas e a rotina proporciona a acomodação nos mesmos painéis dos hábitos doentios de sempre.
Cada dia deve ser considerado como sendo uma oportunidade edificante na construção do bem e do progresso em favor de si mesmo e da coletividade.
Os ideais superiores devem ser mantidos, e quando malsucedidos em uma oportunidade, repetidos insistentemente até o êxito que é o objetivo terminal.
Toda e qualquer realização exige esforço, após um planejamento cuidadoso, delineando-se a maneira de execução e de resultados.
O homem e a mulher de bem sempre vêem em cada momento ocasião de serviço edificante e de renovação íntima sempre para melhor.
Vigilantes, servem.
A magia do ano novo constitui estímulo para melhorar-se a existência e construir-se o mundo melhor para todos.
Não deve, no entanto, servir de exaltação para desperdícios festivos, embriagues dos sentidos, programações absurdas distantes da realidade, nem para revoltas e maldições defluentes dos insucessos momentâneos da existência.
Sendo uma ocasião igual a todas as outras do passado, deve ser muito bem aproveitada, de modo que se constitua precioso recurso para a evolução moral e espiritual do ser humano.
Viver-se cada dia com a alegria e os ensejos de produzir valiosos tesouros de amor e sabedoria deve ser a melhor conduta a adotar-se.
Conta-se que S. Francisco estava capinando o jardim, quando alguém lhe perguntou:
- Se o irmão soubesse que iria morrer hoje à tarde, que faria?
Calmamente respondeu:
- Continuava capinando o meu jardim.
Seja qual for a situação, devemos continuar capinando o nosso jardim.
Diz a canção popular: Adeus Ano velho, feliz Ano novo!
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 26 de dezembro 2019.
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