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sábado, outubro 29, 2022

Ismael: o Anjo do Brasil - Aluizio Elias

 


Ismael: o Anjo do Brasil


Aluizio Elias

 

“Somos forçados a reconhecer que Ismael vence sempre” – Humberto de Campos

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No livro Crônicas de Além-Túmulo, ditado por Humberto de Campos e psicografado por Chico Xavier, existe um capítulo muito curioso intitulado Pedro, o apóstolo. 


Digo curioso porque nos apresenta um encontro inesperado entre o autor do livro e a figura apostólica em uma praça no centro de Belo Horizonte.

 

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O que se dá em seguida ao encontro é uma entrevista cheia de lições de sublime sabedoria. 


Pedro responde ao repórter de além-túmulo com desassombro, comentando os mandos e desmandos de nossa tradição religiosa judaico-cristã. 


A certa altura do luminoso bate-papo, Humberto faz a pergunta fundamental, o óbvio inusitado: 


Qual o vosso objetivo, atualmente, no Brasil? 


Ao que Pedro responde sem titubear: 


Venho visitar a obra do Evangelho aqui instituída por Ismael, filho de Abraão e de Agar.


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Este trecho, geralmente, passa despercebido pelo leitor desavisado. 


Mas a verdade é que, nesta resposta, está contida toda uma diretiva sobre o destino e o compromisso da nação brasileira junto aos povos de todos os continentes. 


A afirmativa de Pedro explica o Brasil; evidencia nossas fragilidades, vícios e, igualmente, nossas maiores virtudes civilizatórias. 


Mas, para isso, é preciso aproximar-se do texto bíblico com um intento exegético genuíno e perguntar: quem são Abraão e Agar?

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No livro Gênesis, uma das obras do pentateuco mosaico, encontramos a narrativa sobre a vida familiar do patriarca Abraão. 


Casado com Sahra (ou Saraí), o casal não conseguia gerar um herdeiro para o clã, ato vital para a manutenção de seu patriarcado. 


Mas a poligamia era algo comum na cultura da época, por isso, Sahra entregou a Abraão uma de suas servas, a egípcia Agar, para que ambos tivessem um filho juntos. 


A ideia de Sahra era que, sendo a serva sua propriedade, o filho do casal também seria.


 *


Mas Agar, após o parto, passou a entrar em atrito constante com a sua senhora. 


O filho de Agar era benquisto por Abraão, que o amava e o acolhia. 


A situação de convívio se agravou quando Sahra também ficou grávida e, meses depois, entregou a Abraão o seu primogênito legítimo; aquele que, sendo filho biológico de Sahra, herdaria o patriarcado e a liderança do clã. 


Temendo que o filho de Agar viesse a representar uma futura dor de cabeça para a herança de seu filho Isaac, Sahra exigiu que Abraão expulsasse Agar e a criança. 


Os dois, então, a egípcia e o seu filho, foram entregues à aridez do deserto com apenas um odre de água nas mãos.


 *


Ali, no deserto, a água se esgotou, logo, Agar se viu entregue ao destino ingrato. 


Deixou a criança sob a sombra de um arbusto e aguardou a morte inevitável para os dois. 


Mas a criança chorou e gritou a todo pulmão. 


Deus ouviu seu clamor e enviou um anjo para socorrê-los. 


Por isso, o menino passou a se chamar Ismael — traduzido literalmente como Deus ouviu.

 

*


Não por acaso, o menino cresceu forte e tomou para si a responsabilidade de conduzir os povos do deserto. 


Em ambiente mais hostil, mais árido e inóspito, Ismael acolheu os peregrinos fatigados em sua tenda, deu conforto e segurança ao que sucumbiu quando errava sem rumo e fatigado. 


Foi por esse povo aflito e sem esperança que Ismael clamou em alta voz. 


E Deus ouviu a prece do justo em favor de seus irmãos, enviando a sua Divina Providência.

 

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Natural que o Cristo de Deus tenha confiado a esse espírito a tutela da nação brasileira. 


O Brasil é a grande tenda de Ismael. 


O lugar santo onde o bom anjo acolhe os peregrinos que caminham trôpegos pelo deserto da vida. 


Espíritos perdidos, desesperados e de consciência atormentada encontraram em nosso país o conforto da hospitalidade fraternal, porque Ismael cumpre, nessas terras, a premissa de vinde a mim vós que estais cansados. 


Ele eleva sua misericórdia até o alto e clama por socorro, ora em nosso benefício, advoga em nossa causa. 


E Deus, mais uma vez, ouve o brado dulcíssimo do anjo bom.

 

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Muitos espíritos que rivalizam com as falanges de Jesus não se sentem confortáveis com o efeito regenerativo que esse acolhimento tem sobre aqueles que se entregam à generosidade da falange ismaelita. 


A obra de Ismael no Brasil, desde as primeiras horas da civilização brasileira, sofreu, e ainda sofre, as investidas daqueles que ainda “dormem”.

 

*


Mas os temporais chegam e passam… 


E a tenda do anjo permanece firme em seu tríplice pilar: 


Deus, Cristo e caridade. 


A tradição bíblica já afirmara em Gênesis que seus inimigos não prevaleceram sobre ele. 


O compromisso de Ismael é com uma nação de náufragos espirituais; sua obra é, portanto, a caridade estendida aos pecadores de todas as eras e reinos. 


Sua ação no Brasil é um empreendimento amoroso; e o amor tudo pode. 


Aliás, nesse sentido dispõe Humberto de Campos no capítulo 29 do livro Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho: 


Somos forçados a reconhecer que Ismael vence sempre.

 

 

Fonte

PAULO DE TARSO.ORG.BR.Disponivel em <

https://www.paulodetarso.org.br/anjo-ismael/>. Acesso 29 Out 2022.

 

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