Tela de Renoir
Educação do Afeto
Ermance Dufaux
Costuma-se asseverar que a distinção entre o homem e o animal é a inteligência, com o que ousamos discordar, com todo respeito aos conhecimentos tradicionais.
Grande parte dos homens, detentores da capacidade de pensar com continuidade e de decidir sobre suas ações, estão agindo à semelhança ou pior que os irracionais, em plena ausência de ética, na quase total incapacidade de escolha.
Para nós, o que distingue esses reinos e faz o homem mais apto ante a Criação Divina é a forma de sentir a vida, facultando-lhe melhor possibilidade de utilizar as habilidades e competências inatas no íntimo, destinando-as à construção do ser.
O avanço das pesquisas na neurociência permitiram ampliar as noções sobre inteligência, constatando uma multiplicidade de habilidades muito além da cognição.
O Espírito as desenvolve no tempo; exemplo disso é a inteligência cinestésica comum em esportistas ou a pictográfica que faz desenhistas e pintores natos.
Oficialmente, divide-se essas habilidades e competências em inteligência intrapessoal e interpessoal, sendo a primeira na relação interna e a segunda na relação com o outro.
Essas inteligências consistem na habilidade de reagir com equilíbrio ante os fatos da vida.
Conquistada nos séculos, capacita a individualidade com enorme desenvoltura na arte de decidir com o coração.
É fruto de longa aplicação da virtude da ponderação e da honestidade em milênios, cultivadas na dignificação da sensibilidade com a qual aprende-se a pensar pelo sentir.
Força descomunal tem a o afeto sobre a inteligência dos raciocínios, manifestando a intuição, a fé e a capacidade de escolha com mais sintonia com o bem.
Indubitavelmente o quesito que mais declara o coeficiente de habilidade afetiva de alguém é ter para si mesmo a convicção plena e vivenciada de que é mais valoroso dar afeto que recebê-lo, levando seu portador a ser um mensageiro inexaurível de otimismo, irradiante alegria, vigor solidário e plenitude de respeito aos de sua convivência, gratificando-se no ato de amar, mesmo que não seja amado.
Além disso, devido ao cultivo secular da ponderação, tal criatura é dotada de extenso e espontâneo desejo de aprender, com inalterável jovialidade sobre seu conhecimento, não o fazendo um instrumento de destaque ou humilhação, mas colocando-o a serviço do seu crescimento e do grupo social onde participe.
Evidentemente, como trata-se de um ser que acalentou e acalenta a virtude da honestidade moral, traz a consciência límpida, sem os tormentos da culpa asfixiante e neurotizante, conquanto esteja expurgando por vias mais saudáveis seus erros de outrora.
Esse estado consciencial é fator determinante do fluxo do sentimento, que exsuda pelos “poros” como um perfume natural da criatura, irradiando em halo de vigorosa atração e magnetismo salutar.
Nos programas doutrinários para a educação do afeto nas relações, destacamos algumas importantes lições a serem estudadas e exercitadas:
- Conhecer os sentimentos.
- Adquirir o controle sobre as reações emocionais.
- Saber conviver harmoniosamente com os sentimentos maus.
- Saber revelar seus sentimentos com assertividade.
- Exercitar a sensibilidade. - Expressar o afeto na convivência.
OLIVEIRA, Wanderley Soares de - Pelo Espirito Ermance Dufaux - Da obra Laços de Afeto .
Disponível em <http://www.esnips.com/doc/32004526-d538-40e2-a0bc-f9491620eb6e/OLIVEIRA,-Wanderley-Soares-de---La%C3%A7os-de-Afeto-%5BErmance-Dufaux%5D#>. Acesso : 04 DEZ. 2009.