Juventude e Gentileza
Pelo Espírito Ivan de Albuquerque.
Por certo, não desconheces as conseqüências dessa onda de egoísmo que recrudesce no seio social, toda vez em que os valores educativos não se fazem prezados.
A bem da verdade, bem poucas têm sido as pessoas ocupadas em trabalhar essa dimensão da personalidade, qual seja a do altruísmo, tornando-se úteis à dinâmica da vida planetária.
Encharcados de personalismo, os indivíduos falam somente de si, disputam nonadas para si, recorrem a favores diversos apenas para si, sufocando-se no esquife do egoísmo, mais e mais.
Nas atividades cotidianas, esses egoístas aproveitam-se de todas as chances possíveis para driblarem os outros, tendo a sensação de serem mais astutos, mais vivos, mais sabidos, dando vazão ao intimo doente.
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Se devem enfrentar as filas variadas, desse ou daquele tipo, para serem atendidos a seu tempo, tratam de descobrir pessoas conhecidas, localizadas à frente, que lhes facilite passar para posições privilegiadas, quando não invadem abusivamente, elas mesmas, o espaço dos que aguardam dignamente. Crêem-se mais apressados ou com mais compromissos que os demais.
Entretanto, para o egoísta, tanto faz seja a fila bancária, ou dos cinemas e outras diversões, o que deseja é passar à frente dos outros, porque lhe impacienta a espera ou por vício, sempre alimentado.
Os males do caráter, desenvolvidos e alicerçados no egoísmo, não se limitam.
Nas conduções populares, o acomodado egoísta vê pessoas idosas, mulheres gestantes, criaturas visivelmente enfermas, viajando de pé, sob ingentes sacrifícios, sem qualquer sensibilização, mantendo-se assentados, indiferentes.
Em outros momentos, vemos crianças e moços assentados, ao lado de seus pais, que acompanham a tudo, fazendo de conta que não estão vendo ou entendendo o que se passa.
A disputa generalizada por entrar ou sair primeiro dos lugares de muita gente, quantos acidentes há provocado? E os desentendimentos e guerras mentais que se somam, incontáveis?
A marca do egoísmo, assim, mostra-se em toda parte, entre as mais diversas personalidades.
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Avaliando esse quadro que se forja nos grupos sociais, percebe, meu jovem companheiro, quantas ocasiões de conquista salutar para a alma têm sido postergadas.
Verifica, desse modo, como tens agido, em relação à gentileza. Se constatares que não tens estado sintonizado com ela, esforça-te para alcançá-la.
Se te encontrares em algum transporte coletivo, valendo-te do vigor da tua mocidade, não esperes que te solicitem. Oferece o teu assento para quem dele precise, demonstrando os valores que te lucilam no íntimo. E é tão pouca coisa.
Evita que tombe uma gestante ou um velho; impede que se fira uma pessoa obesa ou doente, e sintas as alegrias de ser útil.
Diante das filas, enfrenta-as. Tu podes fazê-lo. Se tiveres pressa, chega mais cedo. Não sobrecarregues os amigos que encontres com teus pedidos, embora possas pedir a alguém que te guarde o lugar e, quando chegues, esse alguém, então, sairá.
A virtude costuma parecer tolice, quando começamos a exercitá-la. Depois, transforma-se em luz tão ampla que não mais a dispensamos.
Ao atravessar a via pública, vê se por perto não haverá um velhinho, um cego, alguém a quem possas ajudar na travessia. Far-te-á imenso bem essa atitude.
Coopera com alguém que sobe ou desce uma escada com fardos e bolsas pesados. Dá-lhe pequena ajuda e recolhe, nas vibrações agradecidas, verbalizadas ou não, as alegrias de servir.
Abre uma porta para esse ou aquele, dando-lhe passagem, gentilmente, seja em tua casa, seja num elevador, seja onde for, e sintas a euforia de ser atencioso.
À principio, terás que fazer esforços; com o tempo a gentileza será parte de ti.
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Juventude, se pretendes influir no mundo para modificar-lhe as bases de vida social, que sabes tão complexa e perturbadora, começa com teu empenho, com a tua contribuição.
Na gentileza exemplificada por ti, verás que a postura egocêntrica vai sendo transformada, e que, ao te sentires mais leve e feliz, não te preocuparás com a gratidão ou não dos beneficiários da tua solicitude, porque, para o teu coração, valerá a cooperação que prestas à Vida, a cooperação com a Obra de Deus.
Segue, então, adiante. Contagia os teus amigos e afetos com a tua atitude gentil, ajudando a extinguir o egoísmo do mundo.
Teixeira, José Raul. Da obra: Cânticos da Juventude.Ditado pelo Espírito Ivan de Albuquerque.1a edição. Niterói, RJ: Fráter, 1990.
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