O sonho de Kardec
Em dada passagem do Evangelho, Jesus salientou a responsabilidade maior que cabe a quem
conhece o bom caminho.
Ele afirmou que muito se pedirá àquele a quem muito se
houver dado.
A respeito dessa assertiva, narra-se que, certa feita, Allan
Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, teve um sonho.
Em pleno processo de elaboração do Espiritismo, foi levado
em desdobramento para uma região muito triste do plano espiritual.
Tratava-se de um local nevoento e feio, no qual gemiam
milhares de entidades em sofrimento estarrecedor.
Ouviam-se soluços de aflição, gritos de cólera e gargalhadas
de loucura.
Atônito, Kardec lembrou dos tiranos da História.
Então, inquiriu à entidade luminosa que o acompanhava:
Encontram-se aqui os crucificadores de Jesus?
O guia lhe esclareceu que nenhum deles lá estava.
Disse que, embora responsáveis, eles desconheciam, na
essência, o mal que praticavam.
O próprio Cristo os havia auxiliado a se desembaraçarem do
remorso.
Conseguira-lhes abençoadas reencarnações, nas quais se
resgataram perante a lei.
Kardec imediatamente pensou nos imperadores romanos.
Mas também eles ali não se encontravam.
O anjo lhe disse que homens como Tibério e Calígula não
possuíam a mínima noção de espiritualidade.
Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já
se haviam elevado a esferas superiores.
Outros ainda se demoravam na Terra, mas já à beira da
redenção.
Diante dessa resposta, o codificador aventou a possibilidade
de estarem ali os algozes dos primitivos cristãos.
A resposta também foi negativa.
Embora esses carrascos possuíssem algumas tintas de
civilização, eram homens e mulheres quase selvagens.
Todos tinham sido encaminhados à reencarnação, para
adquirirem instrução e entendimento.
Os conquistadores da Antiguidade, como Átila e Gengis Khan,
foram a próxima aposta de Kardec.
Contudo, a entidade luminosa lhe afirmou que também esses já
se encontravam no bom caminho.
Como erraram, em plena ignorância das realidades do
Espírito, sua responsabilidade era menor.
Finalmente, o codificador perguntou quem eram os sofredores.
O anjo lhe respondeu que se tratava dos que estiveram no
mundo plenamente educados.
Residiam naquela região os conhecedores dos ditames do bem e
da verdade.
Ali se encontravam especialmente os cristãos infiéis de
todas as épocas.
Embora cientes da lição e dos exemplos do Cristo, decidiram
se entregar ao mal.
Para eles, era especialmente difícil um novo berço na Terra.
Conta-se que Allan Kardec retornou ao corpo fundamente
impressionado.
E logo tratou de enfatizar na Doutrina Espírita a
responsabilidade do homem quanto aos seus deveres.
Conclui-se que é preciso abandonar desculpas e ilusões.
Talentos, conhecimentos e fé é um depósito sagrado.
O homem ilustrado precisa movimentar suas mãos no bem, sob
pena de incidir em grave responsabilidade.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, do livro
Cartas e crônicas, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, ed. Feb. Disponível em www.momento.com.br.
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