Auto-Encontro
Joanna de Ângelis
A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva o
indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas, que o
deixam frustrado, normalmente insatisfeito.
Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se
lhe torna meta prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina,
deixando-o aturdido.
A sucessão de transferências termina por exauri-lo,
ferindo-lhe os interesses reais que ficam á margem.
Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para
a aquisição de valores que contribuem para a paz e a realização do ser
inteligente.
Isto, porém, somente será possível quando o centro de interesse
não se desviar do tema central, que é a evolução.
Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de
conteúdos, a fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo
curso e duração.
Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos
aparentes, ensejando a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos
plenificadores.
Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por
motivos óbvios, pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e
coletivo, a saúde e a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias
ceifando os ideais de enobrecimento humano.
Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o
auto-encontro.
Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás,
descobrindo o teu ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e
realização.
Certamente, os primeiros tentames não te concederão
resultados apreciáveis.
Perceberás que a fixação da mente na interiorização será
interrompida, inúmeras vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da
falta de harmonia.
Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará
prejudicada pela irrupção das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes
de tua conduta inquieta, irregular, conflitiva.
Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das
vezes, pelo inconsciente, que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado
normal das próprias construções mentais anteriores.
A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim
de mergulhares nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede
acesso às praias da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior.
Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias
ambições, que cultivas por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros
engodos; o desaparecer de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam.
Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais
abater pelo desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros.
Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à
incompreensão gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção
à necessidade de valorização do ser profundo e indestrutível que és.
Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável
vitória.
Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de
dar-lhe prosseguimento se as dificuldades e distrações do ego se te
apresentarem perturbadoras.
Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis. Da obra: Momentos Enriquecedores. Salvador, BA: LEAL,
1994
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”