André Luiz e a glândula pineal: antecipação de
informações científicas
Dr.Jorge Cecílio Daher Júnior
endocrinologista@gmail.com
Numerosas crenças e culturas
descrevem a importância da glândula pineal e seu papel como mediadora da
consciência.
Místicos, filósofos, pensadores, figuras religiosas, tanto do
Oriente quanto do Ocidente, associaram a pineal à capacidade de transcendência.
Descartes considerou-a a porta da alma (SMITH, 1998), outros enxergaram a
pineal como o local onde se escondia a “pedra da loucura” (CARDINALI, 2014).
O Espiritismo abordou o papel da
glândula pineal através de livros escritos por Francisco Cândido Xavier,
notadamente Missionários da luz, publicado em 1945 (XAVIER, 2015).
*
Tratando da glândula pineal,
também chamada epífise, André Luiz antecipou-se a algumas descobertas
científicas, em período que variou de poucos anos a algumas décadas.
*
Assim, o objetivo deste texto é
relatar as informações de André Luiz, as quais podemos certamente considerar
como antecipações de achados científicos.
O autor espiritual utilizou em seus
relatos linguagem coloquial, sem qualquer pretensão dos recursos da linguagem
científica, todavia, fez descrições sobre a pineal com a segurança de quem tem
pleno conhecimento e não como quem faz especulações.
Em apenas dois capítulos
trouxe volume impressionante de informações sobre a pineal e seu hormônio, em
número superior ao escrito pela ciência
da época (www.pubmed.org,2015).
*
Descrição do hormônio da pineal
De acordo com André Luiz, a
pineal “segrega hormônios psiquícos”.
Esse conhecimento, em 1945, era uma
especulação científica.
A melatonina, hormônio da pineal, somente foi isolada
em 1958, por Lerner e colaboradores. (LERNER et al., 1958.)
*
Saúde mental
André Luiz trata a pineal como a
glândula da vida mental.
Citado por André Luiz, Alexandre descreve a atividade
e função da pineal sobre a vida mental com as seguintes palavras:
*
– Não se trata de órgão morto,
segundo velhas suposições – prosseguiu ele.
– É a glândula da vida mental.
(XAVIER, 2015.)
Os conhecimentos científicos
atuais relacionam atividade da pineal com estados de humor e a utilização da
melatonina como tratamento da depressão, bem como a prevenção do mal de
Alzheimer tem sido objeto de pesquisas ((KALMAN e KALMAN, 2009; QUERA SALVA et
al., 2011; QUERA SALVA e HARTLEY, 2012; COMAI e GOBBI, 2013; DE BERARDIS et
al., 2013; WU et al., 2013).
Pineal e função endócrina
Relata André Luiz, ainda em
Missionários da luz (ibid.) que “a glândula pineal conserva ascendência em todo
o sistema endócrino”.
As evidências científicas sugerem
que a glândula pineal exerce papel de integradora do sistema neuroendócrino
(hormônios e neuropeptideos que atuam no cérebro) (CARDINALI et al., 1979).
Pineal e consciência
André Luiz descreve a consciência
do ser encarnado como a manifestação resultante da interação entre Espírito e
cérebro, mediada pelo perispírito, ou corpo espiritual, conforme compreendemos
com a leitura do livro No mundo maior, publicado em 1948 (XAVIER, 2013).
Nesta obra, o cérebro é descrito
como a interação de três compartimentos distintos, representados pelo cérebro
inicial, cérebro motor e lobos frontais. A consciência e o fluxo da consciência
se manifestam utilizando os recursos cerebrais das três áreas.
Uma interface entre a mente e o
cérebro aparece como proposta sustentada por Eccles (1995) que considera o
cérebro estrutura capaz de fazer a ligação entre a consciência (chamada pelo
autor de mente autoconsciente) e a realidade exterior, ou mundo físico.
Em Evolução em dois mundos,
publicado em 1958, a relação entre pineal e consciência é descrita pelo autor
com função de […] tradução e seleção dos estados mentais diversos, nos
mecanismos da reflexão e do pensamento, da meditação e do discernimento […].
(XAVIER, 2014.)
*
Estudos sobre meditação, que
utilizaram a técnica de Ressonância Magnética Funcional (fRMI) para pesquisar
possível papel da glândula pineal, evidenciaram atividade glandular durante a
meditação (LIOU et al., 2005, 2006, 2007, 2010), confirmando uma das funções
antecipadas por André Luiz em Evolução em dois mundos.
*
As outras funções relacionando
pineal e consciência parecem encontrar ressonância no conhecimento do papel da
ordenação temporal sobre a memória, que é uma das atribuições importantes da
consciência.
*
Armazenamos as recordações de forma ordenada temporalmente e a
região cerebral conhecida como hipocampo, que envolve diversas estruturas
interligadas, é ativada toda vez que fazemos evocação da memória.
A pineal,
através de seu hormônio melatonina, tem papel fundamental na ordenação temporal
dos fatos e ocorre ativação da glândula toda vez em que há evocação de memória
(GORFINE e ZISAPEL, 2007).
Conclusão
André Luiz antecipou-se à Ciência
trazendo informações sobre a glândula pineal. Não temos elementos para
considerá-lo um “revelador” da Ciência, entretanto, as informações trazidas
pelo Espírito, através de Chico Xavier, somente puderam ser avaliadas (e confirmadas)
mais de quatro décadas após a publicação de Missionários da luz.
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Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)
Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco (IPEPE)
http://www.ipepe.com.br/indexp.html
Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco (IPEPE)
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Fonte
ESPIRITUALIDADES. Disponível em <https://www.espiritualidades.com.br/Artigos/D_autores/DAHER_Jorge_tit_Andre_Luiz_e_a_glandula_pineal.htm>. Acesso: 02 Mar 2024.
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