Ensina-nos a orar
Contam as tradições espirituais que Jesus, após atender a
multidão, ao concluir de uma jornada, não raro se refugiava a sós em um local.
Ali ficava por longos minutos, como que absorto e isolado do
meio, deixando momentaneamente a todos para se isolar do mundo naqueles
instantes.
Como a cena se repetia, frequentemente, com o tempo, aqueles
mais próximos do Mestre passaram a se perguntar qual o motivo de tal atitude.
Provocados pela curiosidade, e sedentos pelo aprendizado, em
momento oportuno, propuseram a questão a Jesus, tentando entender qual a
necessidade de se apartar deles vez ou outra.
Qual a necessidade de permanecer a sós, em alguns momentos?
Jesus, então, percebendo a oportunidade do ensinamento que
se fazia, os reuniu em torno de Si.
Se assim procedo, explicou o Mestre, é para conversar com o
Pai, é para orar e estar em comunhão com o Senhor da vida.
Maravilharam-se ao ver que Jesus fazia da natureza o Seu
altar de oração, que abria mão de qualquer intermediário para orar, e que
dispensava os ritos e exteriorizações, tão comuns à época.
Sem perder tempo, um dos seus, na ansiedade do aprendiz
atento, rogou ao Mestre: Senhor, ensina-nos a orar!
E Jesus, naquele momento, propôs aos Seus discípulos que
assim orassem:
Pai nosso que estás nos céus! – Já não mais o Deus vingador,
que persegue e castiga, mas o Pai que cuida e ampara.
Santificado seja Teu nome. – Nas nossas ações, pensamentos,
no nosso falar, que haja sempre consonância com as leis Divinas, santificando-o
não externamente, mas na intimidade da alma.
Venha a nós o Teu reino. – Dando-nos consciência da
necessidade de insculpirmos na intimidade de nosso mundo o reino de Deus, o
reino da paz, o reino do bem.
Seja feita a Tua vontade... – No entendimento de que os
desígnios de Deus, muito embora não os consigamos compreender de imediato,
serão sempre os mais adequados para nós, em qualquer circunstância.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje. – Seja o alimento
físico que mantém o corpo, sejam os desafios morais que alimentam a alma, é a
rogativa para que não fiquemos na inanição física e espiritual.
Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos a quem nos
deve. – Ensinando-nos que estamos vinculados uns aos outros, no aprendizado da
alma e que jamais conseguiremos seguir deixando dores na retaguarda.
E não nos deixes cair em tentação. – Na clara percepção que
ainda trazemos o mal em nossa intimidade, que se não vigiarmos, insistiremos no
erro e permaneceremos na infelicidade.
Livra-nos de todo o mal. – É a rogativa da proteção ao mal
que ainda permeia nosso mundo, num convite a que nós mesmos façamos opções mais
felizes e lúcidas.
E assim, a partir daquele dia, estava exarada, na História
da Humanidade, a síntese perfeita da comunhão com Deus através da oração.
* * *
Orar não é apenas falar a Deus, em longos recitativos, ou
guardar a alma em atitude extática numa contemplação sem obras, totalmente
improdutiva.
Orar é mais do que abrir a boca e pedir. É comungar com
Deus, banhando-se de paz e renovação íntima.
Redação do Momento Espírita. Disponível em
www.momento.com.br.
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