Nuvens que passam
O dia amanhecera ensolarado. Nos quintais, a criançada se
divertia, correndo, rindo esse riso solto de quem sonha venturas.
De repente, o vento se fez forte, açoitando a copa das
árvores, arrancando-lhes folhas da cabeleira verde e espessa, jogando-as à distância.
Parecia que, de repente, a natureza houvesse enlouquecido e,
desgrenhada, uivasse pelas ruas e praças, obrigando os transeuntes a procurarem
abrigo.
O céu se cobriu de nuvens escuras, prenunciadoras de chuvas
e o dia se fez noite, em plena manhã.
Depressa se fecharam janelas, se recolheram pertences.
Dos céus jorraram águas abundantes, fustigadas pela
ventania, que as arremessava, com força inclemente, contra as casas, os muros,
as grandes árvores.
Foram somente alguns minutos. Depois, os relâmpagos se
apagaram e a chuva parou.
Uma grande quietude invadiu a natureza. A ramagem verde
sacudiu as últimas gotas d´agua, o vento bocejou cansado, recolhendo-se.
Algumas horas passadas e o sol voltou a sorrir raios de
calor e luz.
Quem olhasse para o céu iluminado, dificilmente acreditaria
que há pouco a borrasca se fizera violenta.
* * *
Assim também é na vida.
Os momentos de lutas e de bonança se alternam.
Quando o sofrimento chega, em forma de enfermidade, solidão,
desemprego, morte dos afetos mais chegados tamanha é a dor, que deixa em
frangalhos o coração.
Acreditas que não haverá mais esperança, nem amanhã, nem
alegrias. Nunca mais.
Tudo é sombrio. As horas, os dias, os meses se arrastam
pesados. A impressão que tens é que nada, jamais, porá fim ao fustigar das
dores.
Contudo, tudo passa como a chuva rápida do verão, logo
substituída pelos raios do sol.
E transcorrido algum tempo, ao lembrares daquele período de
dores, dirás a ti mesmo: Meu Deus, nem acredito que passei por tudo aquilo. Até
parece um sonho distante.
Porque tudo passa na vida, porque tudo é transitório,
passageiro, não percas a esperança.
O que hoje é, amanhã poderá ter feição diferente, deixar de
ser.
Acima de tudo, recorda que o amor de Deus te sustenta a vida
e não há, no Universo, força maior do que a presença de Deus atuando
favoravelmente.
Dessa forma, quando a inclemência das dores te fustigarem a
alma, recolhe-te à meditação e ouvirás o pulsar do Cosmo.
No silêncio identificarás as vozes da Imortalidade te
falando aos ouvidos da alma, dizendo-te da vitória que haverás de alcançar.
Refugiando-te na oração, dialogarás com Deus, com a
intimidade do filho ao pai ou ao coração de mãe.
Não entregues a batalha a meio. Prossegue. Embora as nuvens
carregadas de dissabores que possam te envolver, lembra que logo mais, amanhã,
outro dia, em algum momento, o sol voltará a brilhar.
Sol em tua alma, em tua vida. Pensa nisso e aguarda um tanto
mais, antes de te entregares à desesperança.
Deus tem certeza do teu triunfo e da conquista plena de ti
mesmo.
Confia nEle.
Redação do Momento Espírita. Disponível no cd Momento
Espírita, v. 20, ed. Fep. Disponível em www.momento.com.br.
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