Correr riscos
Sêneca foi um filósofo e poeta romano que viveu sob o
império de Calígula, depois Cláudio e, finalmente, Nero.
Seu talento como advogado lhe valeu a inimizade do imperador
Calígula. Sob o império de Cláudio foi exilado durante oito anos.
Chamado de volta a Roma, foi tutor de Nero e, durante algum
tempo, conseguiu exercer uma influência benéfica sobre o jovem imperador.
Mais tarde, adotou uma posição de complacência com as tantas
loucuras cometidas pelo imperador, o que não impediu que viesse a receber ordem
para se suicidar.
Vivendo em climas tão adversos, manteve sua preocupação com
as conquistas morais individuais.
E teve oportunidade de escrever:
Chorar é correr o risco de parecer sentimental demais.
Rir é correr o risco de parecer tolo.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu
verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e ideias diante da multidão é correr o
risco de ser mal interpretado e perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas devemos correr os riscos, porque o maior perigo é não
arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não
têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas não
conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas,
privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre.
* * *
A decisão de correr riscos ou não, é nossa.
Agora, podemos
continuar a deter o choro porque nos foi dito na infância que homem não chora.
Ou, no caso da mulher, para não demonstrar eventual fraqueza.
Ou nos
permitirmos as lágrimas demonstrando que somos seres humanos, com sentimentos.
Podemos ser daqueles que defendem as suas ideias nobres,
lutando pela vida, expondo-nos ou nos calarmos diante da injustiça.
Podemos nos engajar no movimento pela vida, expondo a nossa
opinião contra a eutanásia, a pena de morte, o abortamento.
Ou simplesmente
continuarmos calados e permitir que tudo vá acontecendo, sem nos preocuparmos.
Podemos nos envolver em movimentos pela paz, pelos direitos
dos desfavorecidos, ou permanecermos apáticos, deixando que tudo corra a bel
prazer.
Podemos, enfim, lutar por melhorar a nossa condição de
humanidade, burilando as nossas paixões e vencendo a nossa acomodação.
Ou
optarmos por continuar onde estamos, como estamos, não encetando nenhum esforço
por granjear outras virtudes ou valores de nobreza espiritual.
A decisão é sempre individual e intransferível.
* * *
Os Espíritos fomos criados por Deus com um grandioso
objetivo: a perfeição.
A caminhada é longa e tortuosa. A escolha do caminho ou a
velocidade com que se deseja andar, é de cada um.
Optar pelo crescimento ou aguardar ser arrastado pela lei inexorável
do progresso é de cada criatura.
Mas, quem deseje alcançar antes a felicidade, idealize
mudanças desde hoje, enquanto as oportunidades sorriem e as chances se fazem
abundantes.
Redação do Momento Espírita, com base em texto atribuído a Sêneca
e no verbete Sêneca, da Enciclopédia Mirador, v. 18, Encyclopaedia Britannica
do Brasil.Disponível em www.momento.com.br.
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