Da Sombra para a Luz
Emmanuel
Estranhamos, muitas vezes, na Terra, a multiplicidade dos
conflitos emocionais que nos assaltam, de improviso, assinalando deploráveis
influências ocultas.
Em muitas circunstâncias, basta leve impulso na direção do
bem, para que se manifestem, desesperadas, como a impedir-nos o acesso à Vida
Superior.
Na iniciação da mediunidade, surgem, quase sempre, na forma
de obsessões marginais, ameaçando-nos as mais belas aspirações, tanto quanto na
construção da fé viva, adentro de nosso grupo familiar, aparecem na feição de
desentendimento e discórdia, a se expressarem rudes e virulentas naqueles que
mais amamos.
Entretanto, no exame do problema, recorramos a quadro
simples da natureza.
Toda vez que necessitamos rasgar estradas novas no seio da
gleba anônima, duro trabalho de educação do solo se faz imprescindível.
Sobre o chão agressivo e áspero, picareta e trator se
mostram necessários, reclamando-se, ainda, o auxilio do pedregulho arestoso na
pavimentação do caminho antes que o homem se valha dele na movimentação do
progresso.
Utilizamos-nos do símile para considerar que também na
abertura de novas rotas do espírito, tarefas sacrificiais se exigem de nós com
vistas ao indispensável burilamento e, assim como os engenheiros supervisionam
a obra, confiando-a braços rijos, habilitados à remoção do material primitivo e
inferior, também os Instrutores Celestes, sem perder-nos, entrega-nos a
companheiros mais ou menos semelhantes a nós, que nos desbastam o campo íntimo,
através de lutas e sofrimentos até que lhes ofereçamos justo padrão de serviço
ao apostolado de luz que se propõem a veicular.
É por isso que, em todos os percalços de nossa edificação
para a Vida Eterna, realmente, não podemos dispensar o concurso efetivo da
paciência, porque somente por essa virtude singela e renovadora é que poderemos
vencer as inibições externas com o necessário triunfo sobre nós mesmos.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Do livro "Linha
Duzentos".
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